segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Fim de agosto e Drummond

Não posso reclamar do mês de agosto. Todo mundo diz que sempre é complicado. Pra mim já foi em anos passados, agora não é mais. Coração alhures, como diria Ana C. Vamos acabar este mês com Drummond? E setembro será mais lindo ainda.


MÃOS DADAS
- Drummond

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
[ janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
[ homens presentes,
a vida presente.

obs - Tirei deste site aqui: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond21.htm

sábado, 29 de agosto de 2009

A mercy




O livro chegou da Amazon em maio. Li uma página e fui passando pra outros e outros. Não sei exatamente a razão, mas tudo bem. Aí essa semana peguei de novo com fé. Isso porque ler Toni Morrison não é algo fácil, assuntos também complexos e atenção redobrada. E este trecho está na página 38:

"Night comes and I steal a candle. I carry an ember in a pot to light it. To see more of you. When it is lit I shield the flame with my hand. I watch you sleeping. I watch too long. Am careless. The flame burns my palm. I think if you wake and see me seeing you I will die. I run away not knowing then you are seeing me seeing you. And when at last our eyes hit I am not dead. For the first time I am live."

Lindo.

O livro foi traduzido e já vi nas livrarias da vida. É "Compaixão" da Cia das Letras.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Terça



Nada não. Sei lá de novo. Selecionando uma música do Queen pra aula de hoje e quase começo a chorar na frente do computador. Retardada. Só queria compartilhar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Acabei "The Help"

Acabei ontem mesmo. E na parte final a autora Kathryn Stockett fala da vida dela mesmo no Mississippi. E como ela também passou por tudo isso embora o romance seja ficção mesmo. Ela diz que preferiu escrever o livro em New York porque a distância dá mais perspectiva. Depois a autora usa as palavras do escritor Howell Raine (que eu não conhecia) sobre o que é ser do sul dos Estados Unidos e ser também escritor. E é isso:

"There is no trickier subject for a writer from the South than that of affection between a black person and a white one in the unequal world of segregation. For the dishonesty upon which a society is founded makes every emotion suspect, makes it impossible to know whether what flowed between two people was honest feeling or pity or pragmatism".

Ainda bem que não consigo nem entender esses sentimentos em relação ao assunto. Só sentimento de "como pode acontecer isso"??????

domingo, 23 de agosto de 2009

Domingo e "The Help"



Acho que em algumas horas acabo de ler o livro acima. Comecei na quinta e não consigo parar. FANTÁSTICO.

Calcula o Mississippi no começo da década de 1960. É isso. De doer. De chorar. De não acreditar que foi tudo tão recente.

Quem lê inglês vai lá na Livraria Cultura comprar fazendo o favor.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sexta

Só volto domingo. Aí deixo um Leminski:

"quem me dera
até para a flor no vaso
um dia chega a primavera".

De "la vie en close".

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vinícius



Aí já falei quanto adoro Vinícius. Já falei que choro. Que tenho sei-lá-vai-entender-um-dia-quem-sabe-que-me-dá-um-negócio-tipo-nó-no-peito-choro-ou-não-consigo-entender.

Do Livro de Letras da Companhia das Letras (a minha edição é de 1999). Diretamente da página 237 (De "Vinícius consigo mesmo"): Tomara

"Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz

E o verdadeiro amor de quem se
ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais"

Ai gente.

Obs - adorei as mensagens do post anterior. Adorei as colocações de "alhures". Preciso ter criatividade só pra colocar "alhures" numa frase. Aliás tenho criatividade. Acho que só falta verbalizar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

6 leitores

Queridos 6 leitores,

Voltei. Nada de criatividade. Sei lá. Mas aí pego meus livrinhos e me animo. E vejo que só falo dos mesmos autores. Mas o blog é meu, né? Então tá excelente.

"Para que você faz das cartas telegramas - você pensa que as
palavras custam caro?
Como foi que eu comecei da última vez?
Ele chegou que nem uma ferinha.
A fera presa e previsível na
Escadaria.
Meu coração alhures.
Acalmo a ferinha? Deixo passar? Valeu a importância gasta?
Apenas esquentando.
A fera dá preguiça, coração alhures."

Ana C. César. De "Inéditos e Dispersos".

Obs - só eu tive que procurar no dicionário o que é "alhures"? Tá bom então. Quer dizer: em outro lugar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Inspiração

Não é nada não. Já entrei aqui algumas vezes e nada ou nenhum texto me inspiram para postar. Sei que são só esses dias. Nada aconteceu, acho que só preguiça mesmo. Talvez a inspiração volte em segundos ou dias: aí volto também.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Domingo e Leminski



Ontem fiquei relendo coisas à noite. Teve uma época que o final de domingo era cruel (pra maioria das pessoas ainda é, né??). Para mim não é mais. É bem legal inclusive. Lálálá. Por que estou dizendo isso? Não sei. Selecionei alguns "Leminskis" para colocar aqui.


ESTUPOR

"esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer

esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir

esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir"


À vezes me acho limitada em relação à poesia. Queria conhecer mais, comprar mais, ler mais. Alguém podia me dar dicas interessantes?? Só pra gente conhecer e se encantar com outros.

Obs - a foto é daqui: http://portal.rpc.com.br/midia/tn_280_651_paulo_leminski.jpg

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sobre amizade




Caio F. disse (página 75):

"Para mim, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e profundos, são amigos de fé e para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer. Olha: eu estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso e vice-versa, não tenho relações rasas, quer dizer, tenho, porque todo mundo tem, mas sempre procuro aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros e se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra-pesada de me matar..... Esquece, também posso ligar para ver o sol nascer no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive".

Eu ia dizer que só queria meus amigos profundos. Mas é mentira. Todo mundo tem os amigos rasos, como disse Caio. Acho que a gente precisa também.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ana C. César


Ana Cristina César diz na página 51 que "certas melancolias só a correspondência recupera", e na página 258 "anônima, não sou duas, apenas perco os sons que me definem".

E continuo achando este livro uma das coisas mais lindas que já vi.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Número 200 e 1 ano depois


Queridos,


Resolvi escrever de novo hoje e fazer o post número 200 porque foi em 03 de agosto de 2008 que comecei este blog. 1 aninho atrás. E vamos em frente....assim espero.


E as últimas linhas de "Song of myself" falam o seguinte (na tradução de Rodrigo Garcia Lopes):



"Vai ser difícil você saber quem sou ou o que estou querendo dizer,

Mas mesmo assim vou dar saúde,
Vou filtrar e dar fibra a seu sangue.


Não me cruzando na primeira não desista,

Não me vendo num lugar procure um outro,
Em algum lugar eu paro e espero você"


obs - Foto de Whitman é da biblioteca do congresso americano - loc.gov

Drops 2

"I resist anything better than my own diversity,
And I breathe the air and leave plenty after me,
And I am not stuck up, and am in my place"


"Resisto a tudo menos minha própria diversidade,
Respiro o ar e deixo muito mais ar atrás de mim,
Não sou pretensioso, estou no meu lugar".



Parte do "Song of Myself".

sábado, 1 de agosto de 2009

Drops de Whitman




Ainda não chegamos no post 200, mas até lá vamos ter Whitman, assim ó:

Este trecho é parte do prefácio original do Folhas da Relva de 1855:

"Um grande poema continua por eras e eras em comum e por todos os graus e compleições e todos os departamentos e seitas e por uma mulher tanto quando para um homem e por um homem tanto quanto para uma mulher. Um grande poema não é o fim para o homem ou para a mulher e sim o seu começo. Alguém já imaginou que ele pudesse sentar-se finalmente sob alguma autoridade a que tem direito e descansar satisfeito com as explicações e perceber e sentir-se feliz e completo? O maior poeta não oferece tal meta...tampouco traz interrupção ou opulência e facilidades protegidas. Seu toque fala de ação. Quem ele arrebata é com um domínio firme e certeiro em regiões vivas antes inalcançáveis... daí em diante não há descanso..."

Obs - Traduzido do original por Rodrigo Garcia Lopes ( Iluminuras, 2005)