segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Poesia


Hoje é dia nacional do livro. Absolutamente impossível falar qual meu livro favorito ou qualquer coisa do gênero. Não consigo nem fazer listinha tipo top 5. Cada mês tem um, cada ano tem um, sem falar dos que amo e ponto.

Não pensei 10 horas ou fiquei selecionando entre todos os livros que ficam aqui comigo. Quero a poesia de sempre:

"tem alguém aqui
tem que eu vi um vulto
tem que ouvi os passos
a voz o gesto
tem alguém aqui que é resto
ou insulto
alguém que é incerto
tem alguém aqui que se perdeu
sombra
assombração
lembrança
presença
sou eu"

2 comentários:

Elaine Cuencas disse...

De Adélia Prado... com carinho para a menina Estrela Ruiz Leminski.

Tão bom aqui

Me escondo no porão
para melhor aproveitar o dia
e seu plantel de cigarras.
Entrei aqui para rezar,
agradecer a Deus este conforto gigante.
Meu corpo velho descansa regalado,
tenho sono e posso dormir,
Tendo comido e bebido sem pagar.
O dia lá fora é quente,
a água na bilha é fresca,
acredito que sugestionamos elétrons.
Eu só quero saber do microcosmo,
O de tanta realidade que nem há.
Na partícula visível de poeira
Em onda invisível dança a luz.
Ao cheiro de café minhas narinas vibram,
Alguém vai me chamar.
Responderei amorosa,
Refeita de sono bom.
Fora que alguém me ama,
Eu nada sei de mim.

in, “A duração do dia”, Ed. Record, 2010 - Rio de Janeiro (RJ), pág. 09.

Andréa disse...

Só digo o seguinte: preciso ler mais Adélia Prado. Bjs meu bem.