quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009

Que em 2009 a gente consiga ficar mais próximo do Whitman, Capote, Mark Twain, Dorothy Parker, Maya Angelou, Toni Morrison, Leminski, Guimarães Rosa, Alain de Botton, Nick Hornby, Emerson, cummings, Poe, Caio F., Sylvia Plath, Clarice, Tennessee, Pessoa, e por aí vai.....

E que estes que conhecemos estejam sempre presentes, e que "novos" venham nos encontrar.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

December 29





Pois é. Demora, mas chega.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Mais Grande Sertão

"Pois minha vida em amizade com Diadorim correu por muito tempo desse jeito. Foi melhorando, foi. Ele gostava, destinado, de mim. E eu - como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida o diga. Se amor? Era aquele latifúndio. Eu ia com ele até o rio Jordão... Diadorim tomou conta de mim."

Guimarães Rosa, Grande sertão: Veredas. página 167.


Obs - Michelle, depois do comentário que você deixou fui procurar seu e-mail mas não tenho.....manda uma mensagem pra mim (no endereço do terra), please...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Mais V. M.

Ontem ouvi na CBN ume entrevista com um produtor que está lançando um cd de músicas natalinas só com cantores brasileiros. E há Vinícius declamando poesia(s) - não sei se uma ou duas, não lembro mais. E ele colocaram um trecho dele recitando:

"Da morte, apenas nascemos imensamente".

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O retorno daquele que nunca saiu



De "Jung e o tarô - uma jornada arquetípica" de Sallie Nichols:


"Visto que todo o material simbólico deriva de um nível de experiência humana comum a toda a humanidade, é verdade, naturalmente, que se podem fazer conexões válidas entre alguns símbolos do Tarô e os de outros sistemas. Mas essa camada profunda da psique, que C.G. Jung denominou o inconsciente, por definição, não é consciente. Suas imagens não nascem do nosso intelecto ordenado mas, antes, apesar dele. Elas não se apresentam de maneira lógica...

As figuras do Tarô estão sempre presentes em nossa vida de várias maneiras. À noite, surgem no sono, para nossa mistificação e pasmo. De dia, nos instigam à ação criativa ou fazem travessuras com os nossos planos lógicos"


Obs - explicações sobre o assunto poderão vir (ou não) em momento oportuno e para quem tiver interesse, por e-mail.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vinícius


Já escrevi sobre Vinícius em 16/10, mas quero sempre retomar.

Eu sabia que tinha várias obras dele mas não estavam comigo. Estavam na casa dos meus pais, é óbvio. "O Poeta" (abaixo) está em "Para viver um grande amor". A minha edição é da Companhia das Letras, de 1995.

"Olhos que recolhem
Só tristeza e adeus
Para que outros olhem
Com amor os seus.

Mãos que só despejam
Silêncios e dúvidas
Para que outras sejam
Das suas, viúvas.

Lábios que desdenham
Coisas imortais
Para que outros tenham
Seu beijo demais

Palavras que dizem
Sempre um juramento
Para que precisem
Dele, eternamente"

Engraçado que comecei a escrever 3 trechos diferentes do livro. E só gostei deste neste momento.

Obs - a foto é do site do Jornal "O Globo".

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mais folhinhas


I exist as I am, that is enough,...


"Sei que sou sublime,
Não torturo meu espírio para que se justifique ou seja compreendido,
Vejo que as leis elementares nunca se desculpam,
Percebo que não ajo com orgulho mais elevado que o nível onde planto minha casa,
afinal.

Existo como sou, isso me basta,
Se ninguém mais no mundo está ciente, fico contente,
E se cada um e todos estão cientes, fico contente."


Tradução de Rodrigo Garcia Lopes.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Dorothy Parker (1893-1967)


Todo mundo adora a biografia de Dorothy Parker - escritora, língua ferina, New Yorker, Algonquin Round table, ativista política e muito mais.

A primeira coisa que li foi "Big Loira" há muuuuuitos anos atrás. Há alguns meses comprei um livro chamado "The Portable Dorothy Parker". O livro tem short-stories e poemas - que eu adoro - pela escrita, pela inteligência e pelo sarcasmo.

Este é Social Note:

"Lady, lady, should you meet
One whose ways are all discreet,
One who murmurs that his wife
Is the lodestar of his life,
One who keeps assuring you
That he never was untrue,
Never loved another one......
Lady, lady, better run!!"

Minha tradução mais do que livre:

"Lady, lady, se você encontrar
alguém cujos modos são discretos,
alguém que murmura que a esposa
é a estrela-guia de sua vida,
alguém que sempre afirma apra você
Que nunca foi desleal,
Nunca amou outra pessoa.....
Lady, lady, é melhor correr!"

Obs - a foto é do site oficial www.dorothyparker.com
Obs 2 - o poema foi publicado originalmente no livro "Enough Rope"

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O que é sempre permanente?

A mudança, é claro.

Mudei o layout de novo.


domingo, 14 de dezembro de 2008

Mudanças

Só mudei um pouquinho o visual. De tempos em tempos sempre é bom. ;.)

Herman Melville (1819-1891) / Moby Dick


Tudo bem que já fizeram vários concursos para ver qual o melhor início de obras já escrito e praticamente todo mundo conhece "Call me Ishmael". Mas o parágrafo inicial é tão lindo, tão inspirador, tão sei lá entende, que não resisti.

"Trate-me por Ishmael. Há alguns anos não importa quantos ao certo, tendo pouco ou nenhum dinheiro no bolso, e nada em especial que me interessasse em terra firme, pensei em navegar um pouco e visitar o mundo das águas. É o meu jeito de afastar a melancolia e regular a circulação. Sempre que começo a ficar rabugento; sempre que há um novembro úmido e chuvoso em minha alma; sempre que, sem querer, me vejo parado diante de agências funerárias, ou acompanhando todos os funerais que encontro; e, em especial, quando minha tristeza é tão profunda que se faz necessário um princípio moral muito forte que me impeça de sair à rua e rigorosamente arrancar os chapéus de todas as pessoas então percebo que é hora de ir o mais rápido possível para o mar. Esse é o meu substituto para a arma e para as balas. Com garbo filosófico, Catão corre à sua espada; eu embarco discreto num navio. Não há nada de surpreendente nisso. Sem saber, quase todos os homens nutrem, cada um a seu modo, uma vez ou outra, praticamente o mesmo sentimento que tenho pelo oceano."


Obs - procurei Moby Dick aqui em casa e percebi que não tenho nem em português, nem em inglês. Não consigo lembrar se emprestei, se nunca comprei, se peguei em alguma biblioteca em algum tempo longínquo... enfim, esclerose. Este trecho estava no site da Folha - Ilustrada.

Obs 2 - todo mundo tem, em diferentes momentos da vida, novembros chuvosos e úmidos na alma. Aliás, cada autor lembra o seu "inverno" de maneiras diferentes.. depois escrevo sobre isso.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Alberto Caeiro

Poemas Inconjuntos (1913-1915)

"Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores; há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há sí uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Grande Sertão


Em um post anterior eu disse que uma coisa que me marcou na Universidade (na área de literatura brasileira) foi Grande Sertão: veredas. Foi um semestre inteiro de análise da obra. E sempre volto para o livro que fica aqui pertinho de mim. Volto porque alguém fala dele em alguma aula minha, ou em alguma discussão, ou sempre. E volto quando quero ler de novo a morte do Diadorim. E lembro quando li a primeira vez e chorei.

Não tive "turma" porque na Puc escolhíamos os créditos que faríamos cada semestre. Mas algumas pessoas caminhavam juntas. A Eliane foi a amiga mais companheira e próxima sempre. E a gente se separa, encontra, separa, encontra e ainda bem que estamos no momento do "encontra".

Mas o que eu quero dizer é que meu livro está todo grifado e com as minhas anotações num papel separado, como eu sempre faço. E aí vai um trechinho para a Eliane, e para o Marcos, e para a Elaine e pra todo mundo que vai e volta (ainda bem!!).


"E, o pobre de mim, minha tristeza me atrasava, consumido. Eu não tinha competência de querer viver, tão acabadiço, até o cumprimento de respirar me sacava. E, Diadorim, às vezes conheci que a saudade dele não me desse repouso; nem o nele imaginar. Porque eu, em tanto viver de tempo, tinha negado em mim aquele amor, e a amizade desde agora estava amarga falseada; e o amor, e a pessoa dela, mesma, ela tinha me negado.Para quê eu ia conseguir viver? Mas o amor de minha Otacília também se aumentava, aos berços primeiro, esboço de devagar. Era."

Obs - o parágrafo acima está nas páginas 535, 536 da 27ª edição, de 1988 da Nova Fronteira.
Obs2 - a foto de Guimarães Rosa é do site: www.memorialdobrasil.com.br



terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Não tenho capacidade para falar de Carlos Drummond de Andrade. Nunca estudei Drummond na Puc (com profundidade, na literatura brasileira só ficou Grande Sertão - oh yes!!) e li só algumas coisas. Enfim, depois de expressar minha ignorância, aqui abaixo há um texto dele chamado 'Ausência" onde ele escreve ao final "com o pensamento em Ana Cristina César". O texto está no livro dela.

"Por muito tempo achei que a ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

Ausência é um estar em mim

E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços

Que rio e danço e invento exclamações alegres.
Porque a ausência, esta ausência assimilada,

Ninguém a rouba mais de mim."

domingo, 7 de dezembro de 2008

Mais de Alice Ruiz

"é bom que as coisas mudem
é bom que permaneçam
assim como as que morrem
cresçam".



E bom domingo.....

sábado, 6 de dezembro de 2008

Toni Morrison (1931 - )



Toni Morrison ganhou o prêmio Nobel de literatura em 1993. Eu não li tudo (ainda) que ela escreveu, mas toda vez que leio alguma coisa dela, me dá um frio na espinha, e uma tristeza, e sei lá mais o que. Ah sei sim - admiração - porque ela escreve de uma maneira absolutamente fantástica. Ela não tem dó nem piedade de nós, leitores. Vai fundo nas tristezas e sofrimentos das mulheres negras. Os meus livros favoritos são: The bluest eye (o primeiro, de 1970) e um dos últimos, Love (de 2003).

Em "The bluest eye" (o olho mais azul), conhecemos a vida de Pecola Breedlove, uma menina de 11 anos que sonha que se um dia ela acordasse com olhos azuis, a vida dela seria mais feliz: os pais parariam de brigar, o irmão não fugiria mais, e o pai também não beberia mais. E melhor - ela seria notada, porque em 11 anos, ninguém tinha prestado atenção nela.

Li novamente alguns trechos dessa obra essa semana porque a aula foi sobre este assunto... e o final... é triste demais. Mas enfim....

"The soil is bad for certain kinds of flowers. Certain seeds it will not nurture, certain fruit it will not bear, and when the land kills of its own volition, we acquiesce and say the victim had no right to live. We are wrong of course, but it doesn´t matter. It´s too late. At least on the edge of my town, among the garbage and the sunflowers of my town, it´s much, much, much too late."

A minha tradução (beeeeeem livre)

"O solo é ruim para alguns tipos de flores. Algumas sementes ele não vai alimentar, algumas frutas ele não vai produzir, e quando a terra mata sua própria vontade, nós concordamos e dizemos que a vítima não tinha o direito de viver. Nós estamos errados é claro, mas não importa. É tarde demais. Pelo menos na periferia da minha cidade, no meio do lixo e dos girassóis da minha cidade, é muito, muito, muito tarde.
"

Obs - no site do prêmio Nobel é possível ouvir o discurso dela (e de outros) de 33 minutos de 1993: http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1993/morrison-lecture.html

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Whitman



Queria colocar alguma coisa do Whitman nestes últimos minutos de sexta-feira. E achei os últimos minutos:

"Vou-me feito vento.... agito meus cabelos brancos contra o sol fugitivo,
Esparramo minha carne em redemoinhos e a deixo flutuar em retalhos rendados.

Me entrego à terra pra crescer da relva que amo,
Se me quiser de novo me procure sob a sola de suas botas."

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Pessoa

Fernando Pessoa

"EU AMO TUDO o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia".

De: Poesias Coligidas

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cartas - Capote



Minha amiga Elaine e eu adoramos coletâneas de correspondências entre pessoas interessantes. Neste acima estão as mais variadas cartas que Truman Capote escreveu ao longo de sua vida. Em todas as épocas, em vários países e nos mais diferentes "estados".


Esta aqui abaixo ele escreveu ao pai, Arch Persons dizendo que daquela data em diante ele não teria mais o sobrenome do pai, mas sim do padrasto (Capote). Ele tinha cerca de 11 anos:


"As you know my name was changed from Person´s [sic] to Capote, and I would appreciate it if in the future you would address me as Truman Capote, as everyone knows me by that name."



E tem mais um monte de coisas interessantes.....

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Shakespeare

De "Sonho de uma noite de verão":

"E conforme a imaginação dá corpo a coisas conhecidas, a pena do poeta as transforma em formas, e dá ao etéreo nome e morada".

O trecho acima estava citado num livro que eu não lembro - só anotei num pedaço de papel há tempos e achei hoje.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Freddie (1946-1991)



Em 18/09 eu escrevi sobre não-clássicos, e em 16/10 sobre Vinícius. Pois bem, este post não é sobre clássicos (é sobre música) e sobre o equivalente ao Vinícius no quesito musical: Freddie Mercury. Não consigo ver nenhum documentário sobre o Queen, sobre ele, sem chorar nos primeiros minutos, só consigo ver os shows. E este post é exatamente porque ontem vi o Queen aqui em SP (desnecessário explicar que é com o Paul Rodgers, aquela coisa toda).

Quando ele morreu eu estava na faculdade e foi meu pai que me avisou, tristíssimo, é claro. E de lá pra cá sempre ouço, vejo os dvds, etc....

Lembro de uma entrevista do George Michael (outro post será dedicado a ele em momento oportuno) quando eles organizaram o "Concert for Aids Awareness" depois que o Freddie morreu. E ele disse que adorava uma música do Queen chamada "Dear Friends" e foi por essa música que ele decidiu fazer o show.

Enfim, a música é essa:

"So dear friends, your love is gone
Only tears to dwell upon,
I dare not say as the wind must blow
So a love is lost, a love is won.
Go to sleep and dream again,
Soon your hopes will rise and then
From all this gloom
Life will start anew

And there will be no crying soon"


Vamos ver se eu consigo fazer uma versão:

"Então queridos amigos, seu amor se foi
Só lágrimas que estendem-se
Eu não ouso dizer como o vento devo soprar
Então um amor é perdido, um amor é ganho.
Vá dormir e sonhe de novo,
Logo suas esperanças vão voltar e aí
De toda essa tristeza a vida vai começar de novo
E logo não vai mais haver choro".



É só isso.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Dante Gabriel Rossetti (1828-1882)



Não conheço (quase) nada sobre Dante nem sobre sua irmã mais famosa Christina, mas fiz uma promessa a mim mesma que vou ler mais sobre os dois e as respectivas obras.

De qualquer maneira, achei isso, e é lindo:

"Look in my face, my name is Might-Have-Been;
I am also called No-more, Too-late, Farewell".


Algo mais ou menos assim:

"Olhe para o meu rosto, meu nome é Poderia-Ter-Sido;
Também sou chamado Não-mais, Tarde-demais, Adeus"


Obs- as imagens são do site www.rossettiarchive.org

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Alice Ruiz (1946- )



Comprei o novo livro de poemas de Alice Ruiz na semana passada "dois em um". E gostei de vários, vários, mas selecionei este:

tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão

de ter ficado


A foto é do site oficial da autora: http://www.aliceruiz.mpbnet.com.br/

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Caio F.



Do conto "Iniciação" do livro "O ovo apunhalado".

"Foi numa dessas manhãs sem sol que percebi o quanto já estava dentro do que não suspeitava. E a tal ponto que tive a certeza súbita que não conseguiria mais sair. Não sabia até que ponto isso seria bom ou mau - mas de qualquer forma não conseguia definir o que se fez quando comecei a perceber as lembranças espatifadas pelo quarto. Não que houvesse fotografias ou qualquer coisa de muito concreto - certamente havia o concreto de algumas roupas, uma escova de dentes, alguns discos, um livro: miudezas se amontoavam pelos cantos. Mas o que marcava e pesava era o intangível.


O que conta, o que marca e o que pesa, é o que a gente não consegue encostar com a mão, não é mesmo?



Obs - a foto é do site www.clicrbs.com.br

domingo, 16 de novembro de 2008

Sem criatividade


Escrevi praticamente dois posts inteiros e apaguei tudo. Sei lá. O livro mais lindo (comprado essa semana na Feira do Livro da Usp) é este acima do texto.

Sem mais para o momento.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sylvia Plath


Sylvia Plath escreveu no seu diário em julho de 1950:

"Some things are hard to write about. After something happens to you, you go to write it down, and either you overdramatize it or underplay it, exaggerate the wrong parts or ignore the important ones. At any rate, you never write it quite the way you want to".

Concordo.......ela tinha 18 anos quando escreveu isso.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Leminski para Elaine


Eu não ia postar nada, mas aí fui ver um vídeo no YouTube que a Elaine mandou. E como ela já me conhece, foi perfeito para o dia de hoje.

Enfim querida amiga, este hai kai do Leminski é para você (e tenho certeza que você entenderá a mensagem):


pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando



(eu ainda complementaria - já estamos conseguindo avistar no horizonte o "quando").

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mais Maya e hope


Sei lá, podem me chamar de qualquer coisa, mas estou super "cliché" (é assim que escreve??) mesmo - aquela coisa toda "numa onda de esperança". E como falei da Maya Angelou no post anterior, aqui vai a terceira estrofe do poema "Still I rise":

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise.
Eu traduziria assim:

Assim como as luas e os sóis,
Com a certeza das marés,
Assim como as esperanças saltando alto,
Eu ainda me levanto.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Maya Angelou (1928- )


Por razões óbvias é dela que quero falar no dia de hoje. Escritora, educadora, produtora, ativista pró-movimentos de direitos civis e muito mais.

"Still I rise" é um dos poemas que mais me emociona. E nestes últimos dias com Obama ainda mais.

Mas depois volto aqui e conto.

domingo, 2 de novembro de 2008

Mais Clarice



"É curiosa esta experiência de escrever mais leve e para muitos, eu que escrevia 'minhas coisas' para poucos. Está sendo agradável a sensação. Aliás, tenho me convivido muito ultimamente e descobri com surpresa que sou suportável, às vezes até agradável de ser.

Bem. Nem sempre."

Clarice Lispector. 15 de janeiro de 1972. "A descoberta do mundo".


foto do site oglobo.globo.com

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

EXTRA EXTRA!!!




Sei que sou meio retardada e que minha ficha demora (um pouco) pra cair. Mas como só agora fui descobrir o site: http://www.whitmanarchive.org/??????? Alguém poderia explicar a razão de minha lerdeza mental?

A questão é que há uma gravação de 36 segundos de Whitman recitando um trecho de sua obra...(que também pode ser ouvido no www.poets.org - esse eu conheço há tempos - ufa!). Não sabi que isso era possível mas Eduardo disse que o modelo de aparelho de gravação que eles colocam lá surgiu naquela época sim, então acredito. Eu acabei de ouvir a voz dele. Spooky total.

E os originais, e fotos, etc...

Well, never too late.

Obs - a imagem vem de lá: www.whitmanarchive.com

e.e. cummings (1894-1962)




Ele revolucionou a poesia em língua inglesa.....trocava maiúsculas por minúsculas (até o nome),
quebrava palavras onde não era possível e por aí vai.. tudo em busca de um poema perfeito.

Tudo a ver com o movimento concretista aqui no Brasil - aliás grandes tradutores de sua poesia.

Gosto de vários poemas de cummings, este é um trechinho dos meus favoritos:

"since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things....."

algo assim:

"posto que o sentimento vem primeiro
quem presta atenção
na sintaxe das coisas......."




alguns dos meus favoritos são:

"if everything happens that can´t be done"
"maggie and milly and molly and may"
"yes is a pleasant country:"
e é claro:
"i carry your heart with me" que já tá super batido mas vale.


Há traduções de vários poemas nos sites:

http://www.releituras.com/eecummings_menu.asp
http://www.culturapara.art.br/opoema/eecummings/eecummings.htm
http://www.humanitates.ucb.br/2/corpo.htm


Queria falar mais dele... mas sei lá porque não consigo. Qualquer hora escrevo de novo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pessoa / Bernardo Soares




"Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir. Passeava de um lado ao outro do quarto e sonhava alto coisas sem nexo nem possibilidade - gestos que me esquecera de fazer, ambições impossíveis realizadas sem rumo, conversas firmes e contínuas que, se fossem, teria sido. E neste devaneio sem grandeza nem calma, neste atardar sem esperança nem fim, gastavam meus passos a manhã livre e as minhas palavras altas, ditas baixo, soavam múltiplas no claustro do meu simples isolamento."

Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.

É isso.

Foto de: http://farm4.static.flickr.com/3133/2574687655_ab92c30c89_o.jpg

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Saudades de W.W.




Quero começar a semana bem.


"Ouvi o que os falastrões falavam.... a fala do começo e do fim,
Mas não estou falando nem de fim nem de começo.

Nunca existiu mais princípio do que este agora,
Nem mais juventude nem velhice do que esta agora;
Nem vai existir mais perfeição do que já existe agora,
Nem mais céu ou inferno do que existe agora.

Gana, gana, gana,
Sempre a gana criativa do mundo.

Da obscuridade avançam opostos iguais.... Sempre substância e crescimento,
Sempre uma trama de identidade.... sempre diferença.... sempre uma espécie de vida.

De nada vale elaborar.... Tanto instruídos quanto iletrados sabem que é assim.

Certo como a certeza mais certa.... aprumado, bem trançado, firme nas vigas,
Forte como um cavalo, carinhoso, orgulhoso, elétrico,
Aqui estamos eu e este mistério."


Do posfácio de Rodrigo Garcia Lopes - Folhas de relva - Whitman.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sobre livros

"There, where one burns books, one in the end burns men."
Heinrich Heine (1797 - 1856)


Mais ou menos assim:

"Lá, onde uma pessoa queima livros, ela ao final, queima os homens"


Obs - a frase está na primeira página do livro que eu estou lendo no momento. Mas não conheço o autor - pesquisei na internet e vi que foi um grande poeta alemão. Só isso. Não sei nada mais.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Capote




Já falei sobre Capote em 09/08, mas ontem fiz uma apresentação sobre ele na Semana de Educação da Universidade e não quero mais largar.....

O livro "A sangue frio" é um dos livros mais bem escritos que já li, e quando perguntavam pra ele como ele conseguiu fazer de uma simples notinha no jornal, uma obra literária fantástica, a resposta era assim:

"O jornalismo se move no plano horizontal, conta as histórias; a ficção - a boa ficção - move-se verticalmente, mergulha fundo nas personagens e nos fatos. Ao tratar um fato real com essas técnicas (o que o jornalista não pode fazer até aprender a escrever), é possível fazer esta síntese".

Este trecho está no livro "Capote - uma biografia" escrito por Gerald Clarke.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Continuando - Wilde...





"I write because it gives me the greatest possible artistic pleasure to write. If my work pleases the few I am gratified. As for the mob, I have no desire to be a popular novelist. It is far too easy."


Algo assim: "Eu escrevo porque isso me dá o maior prazer artístico possível. Se meu trabalho agradar poucos, eu fico grato. Quanto à multidão, eu não tenho desejo de ser um romancista popular. É muito fácil"

Obs: a foto é do ator Stephen Fry (m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o-) como Oscar Wilde (no filme do mesmo nome)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Oscar Wilde (1854-1900)





Para quem me conhece, fica claro a minha escolha de autores, ... além disso não sei também explicar direito, com palavras, porque tais artistas estão aqui presentes. Enfim, hoje eu resolvi colocar uma coisa de Oscar Wilde: inglês, brilhante, incompreendido, preso injustamente e etc. O que me marca muito ainda é o túmulo no Père Lachaise em Paris, que eu visitei há alguns anos.

Há alguns meses eu comprei um livro só com os pensamentos dele: "Oscar Wilde´s wit & wisdom - a book of quotations". No capítulo sobre as opiniões dele a respeito de arte ele faz a seguinte colocação que eu acho o máximo:

" There are two ways of disliking art... One is to dislike it. The other is to like it rationally."

ou mais ou menos assim:

"Há duas maneiras de não gostar de arte..... Uma é não gostar. A outra é gostar racionalmente."


Acho que as nossas escolhas não são mesmo justificadas.


Obs - a primeira foto é do wikipedia mesmo. Tem um site ótimo chamado www.findagrave.com que você digita o nome do artista e ele localiza onde o mesmo está enterrado e com fotos... não consegui baixar as fotos do túmulo do O. Wilde de lá.... aliás a história do túmulo fica pra outro post. A segunda foto é do site oficial: http://www.cmgww.com/historic/wilde/

sábado, 18 de outubro de 2008

Ouvir poesia


Esta coleção de cds foi uma das melhores compras que eu fiz até hoje. Em janeiro deste ano estava trabalhando em NY e então numa das poucas horas de folga fui até a Barnes & Noble (imagem tirada do site: www.barnesandnoble.com) tentar relaxar...... e achei os cds. É uma coleção de 5 cds sobre 50 poetas que escrevem originalmente em língua inglesa. Foi organizada pelo ator John Lithgow que é este engraçado na capa do cd.

Começa com uma pequena biografia de cada autor, depois algum ator/atriz famosa lê um poema e também o próprio Lithgow. É maravilhoso. Conheci coisas lindas, que eu, ignorante não conhecia - da literatura inglesa, principalmente.

O mais legal é ouvir Morgan Freeman declamando Gwendolyn Brooks, Jodie Foster, Glenn Close, Gary Sinise com W. H. Auden, Allen Ginsberg, Dorothy Parker, Coleridge, cummings, e Whitman, é claro.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Vinícius de Moraes (1913-1980)





Eu queria ter escrito sobre Vinícius há semanas, desde que comecei o blog mais precisamente. Mas não consegui. Algumas vezes não achava o trecho que eu iria colocar aqui, outras queria ter mais paciência para escrever o que ele merece.

A questão é que eu não consigo ver nenhuma entrevista dele, nem o filme, sem chorar. Não sei o que acontece. Quando fui ao cinema ver o filme sobre ele, comecei a chorar no início e só parei nos créditos. E quando passa na TV algum documentário, alguma entrevista, ele falando de sua obra, eu também fico dessa maneira. Então é isso. Vinícius para mim é mais emocionante do que uma série de coisas que deveriam ser. E o trecho abaixo está no seu "Livro de Letras":

Pode ir
Pode fazer o que melhor entender
Porque, amor, cada um sabe de si
mas se você quiser brincar com o nosso amor
Não vem, que alguém provavelmente
Vai amargurar a grande dor
De ver alguém também querer partir
Porque partir é repetir, meu bem
E se perder nesse mar por aí
Mas você quer brincar, quer fingir
Pode ir, pode ir e depois chorar


A foto é do site oficial: www.viniciusdemoraes.com.br e nesta ele está em Oxford (1960).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Professores

Queria colocar algum texto brilhante sobre o dia dos professores mas não achei nada inspirador. Tenho uma leve desconfiança do porquê (não ter achado). Mas enfim: parabéns para nós.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

E como diz...


Caio F: "e exigimos o eterno do perecível, loucos."

Sem criatividade hoje.

domingo, 12 de outubro de 2008

Continuando - M. Twain

Na mesma reportagem que eu citei no post abaixo, há uma conversa entre o autor (Mark Twain) e um amigo. A questão era o que ele achava da América como uma nação cristã. A resposta de Twain foi "so is Hell".

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mark Twain - o gênio


Ele foi capa da revista Times deste ano (edição de 14 de julho) , sendo que morreu em 1910. Tinha uma mente brilhante e era um grande humorista, além das incríveis visões sobre política e raça. A capa da revista diz: "como ele mudou a maneira que nós vemos a política, porque ele estava a frente do seu tempo quando o assunto é raça e o que os seus escritos podem ensinar a América hoje".

Mas as frases são sempre brilhantes, como essa:

"It is better to keep your mouth shut and appear stupid than to open it and remove all doubt."

É algo mais ou menos assim: é melhor manter a sua boca fechada e parecer estúpido, do que abri-la e realmente tirar todas as dúvidas.

Por que Mark Twain novamente? Porque depois de Whitman, a aula de amanhã é dele.

Obs - a foto é do site oficial: www.cmgww.com

terça-feira, 7 de outubro de 2008

WW




"Agonies are one of my changes of garments"


"And your very flesh shall be a great poem"

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quase literatura - Woody Allen e New York



Eu adoro Woody Allen porque amo Nova Iorque ou amo Nova Iorque porque gosto também de Woody Allen.

Não existiria Woody Allen sem Nova Iorque e já muita gente escreveu isso.

Ele deu uma entrevista a revista New York em comemoração aos 40 anos da publicação (está com a data de 28 de setembro de 2008). E ele fala de cara que a cidade é cheia de caos e que para muita gente isso é muito legal e prazeroso. E que recentemente ele estava vivendo em um apartamento na Madison Avenue e que cada noite ele ouvia ambulâncias e sirenes. E isso realmente era uma canção de ninar (fiz uma versão - o original está em nymag.com).

A primeira vez que fui sozinha para NY foi em janeiro de 2000. Vim de New Orleans (via Chicago) e o avião passou por uma nevasca - algumas pessoas rezando, outras chorando e outras tentando não passar mal (meu caso). Peguei um shuttle até o hotel, um frio daqueles, chovia, escurecendo (não era nem 4 da tarde), peguei um telefone e liguei para o meu pai (que entende isso mais do que ninguém): "pá, estou em casa".

A sensação é essa. Estar em Nova Iorque é ser eu mesma. E cada amigo que vai pra lá, me leva um pouco e eu fico super feliz.

O que eu queria fazer na realidade é por um pouco de turismo neste bloguinho de literatura. New York is home, as well as literature is.

obs - a foto é do site www.starpulse.com

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Poe


Já falei do Poe aqui no blog e resolvi voltar ao assunto.

Acho que Edagr Allan Poe é um dos autores que mais discuto. Discuto sobre como ele era louco, como os contos são brilhantes e como "O corvo" é maravilhoso. Tenho uma gravação dos contos e poemas do corvo, narrados por dois atores ingleses. É fantástico.

E falando do corvo... eu amo o poema (eu e o mundo inteiro). Para mim, o mais forte são os últimos versos da penúltima estrofe:


"Take thy beak from out my heart and take thy form from off my door!"
Quoth the Raven "Nevermore".

Trocando em miúdos: desapareça!!!!!!! jamais!!!!

Obs - as fotos são de tatuagens provisórias que você pode comprar no www.poemuseum.org

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Já já mas agora não

Quero muito falar de Maya Angelou, Toni Morrison, Ana Cristina César, Vinícius, mais Poe, mais Alain de Botton, mais Capote, Nick Hornby, e.e. cummings, mais Pessoa, mais Whitman, sempre Leminski, mais Harold Bloom, mais Caio F. e mais tudo que vier. O que acontece é a falta de inspiração até para a escolha. Por enquanto então, mais um hai kai:

the earth shakes
just enough
to remind us


de Steve Sanfield (eu nunca ouvi falar..... é daquele livro que está em um dos posts anteriores).

ficaria mais ou menos assim:

a terra treme
só o suficiente
para nos lembrar

Até que ficou bonitinho. Vou começar a traduzir hai-kais. Brincadeira.

domingo, 28 de setembro de 2008

P.L.


De tempos em tempos (como toda a humanidade) eu mudo o wallpaper do computador. Mas sempre volto para este poema do Leminski. Achei desta maneira, rascunhado por ele, há algum tempo na internet. E é lindo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mais do mesmo


meianoite
o silêncio tine
a sombra vira cena
o sonho vira cine







Amo a ilustração acima do Leminski. E já não lembro de onde peguei. Assim que lembrar deste mero detalhe, coloco aqui.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Julio Cortázar (1914-1984)


Alguém pode perguntar o que eu entendo de Literatura Argentina e mais especificamente de Cortázar. A minha resposta é: nada. Claro que já li algumas coisas de Borges, mas não muito mais do que isso. Sou bem ignorante em relação ao tema (aceito sugestões para leituras futuras). O importante é que o pouco que conheço, amo. Assim como a música - que amo também (Fito praticamente todos os dias). Mas a questão é a seguinte: no início de um conto de Caio F. estava o seguinte trecho (que eu acho que é trecho...) da obra Final de Juego de Cortázar:



Era perfectamente natural que te acordaras de
él a la hora de las nostalgias, cuando uno se
deja corromper por esas ausencias que llama-
mos recuerdos y hay que remendar con palabras
y con imágenes tanto hueco insaciable.


Se eu entendi? Perfeitamente. Pra entender a língua, falar e achar o poema lindo - eu sou capaz.

Obs - a foto é do site www.speculum.art.br

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Reflexões na madrugada


"
Logic and sermon never convince,
The damp of the night drives deeper into my soul"



Ai ai. Walt Walt. No comments at all.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

W. Whitman


Na minha última viagem descobri um livro em um sebo que eu nem sabia que existia: The Better Angel - Walt Whitman in the Civil War, de Roy Morris Jr.

Não sei porque não comecei a ler antes, mas enfim, está começado e tudo o que eu achava de Whitman é verdade ou até melhor do que a figura que eu tinha na cabeça.

Trechos da obra virão.

Como pode ser visto na foto - dá pra fuçar dentro do livro (pelo site da amazon).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Just some changes

Só mudei um pouquinho o layout do blog. Acho que assim ficou mais bonitinho. Daqui um tempo mudo de novo. Sempre.

Não-clássicos

Já estava ensaiando há algum tempo começar a escrever sobre músicas e livros que não se enquadram (quase nunca) ao que chamamos de clássicos da literatura. Autores que gosto, pedaços de música que fazem sentido, etc.....

Nem só de clássicos a gente vive. Não é verdade?

O que eu colocarei aqui é um trecho do livro "Quase tudo" da Danuza Leão. É isso mesmo. Sem nenhum tipo de observação em relação ao assunto, aí vai:

"Se fui feliz? E o que tem isso a ver com a paixão? A paixão faz sofrer, é sombria, trágica, exclui totalmente a felicidade, não é feita para durar e não costuma acabar bem, o que eu não sabia na época; meu pai sim, sabia, e sabia também que não adiantava me dizer o que previa: que não ia durar. Nessas horas não adianta ninguém dizer nada, pois os apaixonados são cegos e surdos, e assim sempre serão."

Quem conhece a vida da autora sabe do que ela está falando.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mais de Harold Bloom

Só uma frase de Harold Bloom: "Caso pretenda desenvolver a capacidade de formar opiniões críticas e chegar a avaliações pessoais, o ser humano precisará continuar a ler por iniciativa própria."

Sem comentários.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ralph Waldo Emerson (1803 - 1882)


Ele era um gênio. Todo mundo acha isso - até o Harold Bloom. Eu adoro as frases de efeito, os poemas e os ensaios. O mais interessante é que sempre, todo mundo gostou dele - uma alma boa, que dava abrigo aos amigos, brilhante e fervoroso adepto do movimento anti-escravidão.

Além disso, acho que fez um dos cursos que atualmente, eu gostaria muito de fazer - formou-se em Divinity em Harvard. Mas nunca falou babaquices sobre a religião, aliás só falou coisas absolutamente pertinentes que ficam até hoje.

E é dele: "To be great is to be misunderstood".

A discussão das aulas da semana é essa - Emerson e o movimento transcendental.



Obs - a foto é do site www.transcendentalists.com

sábado, 13 de setembro de 2008

F. Pessoa



Um pouquinho mais:

"Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo próximo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco."

Livro do Desassossego

Obs - foto do site www.mundocultural.com.br

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Mais dele



Não resisti:

"Soa estranho, esta manhã,
tudo o que sempre foi meu, como pode?
Como pode que esse som lá fora,
os sons da vida, a voz de todo dia,
pareça ficção científica?

Como pode que esta palavra,
que já vi mil vezes e mil vezes disse,
não signifique mais nada,
a não ser que o dia, a noite, a madrugada,
a não ser que tudo não é nada disso?

Pode que eu já não seja mais o mesmo.
Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.
Pode tudo o que puder poder.
Só não pode ser tanto."

Poema "como pode?" de Paulo Leminski, do livro "Distraídos Venceremos". A foto é da capa do livro "Envie meu dicionário". É isso.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Elizabeth Bishop (1911-1979)


Há vários anos fui com um grande amigo assistir a peça "Um porto para Elizabeth Bishop". Era um monólogo com a Regina Braga. Na ocasião não tinha idéia quem era ela e só lá que entendi que era uma autora americana que viveu no Brasil durante anos com a companheira. O que me marcou da peça foi exatamente o texto da autora - Marta Góes.

Falo sempre de Elizabeth Bishop nas minhas aulas e em algum outro post mais pra frente falarei com mais detalhes sobre sua poesia.

Em 2005 achei o livro sobre a peça na Livraria Cultura e o trecho que mais me recordo (e que agora leio no livro, é claro) é a parte final, anos depois da morte da companheira, que Elizabeth (por meio da Marta Góes) fala o seguinte:


"Faz dez anos outro dia. É claro que em dez anos a dor que você guardava na primeira prateleira e pulava no seu peito toda manhã vai se acomodando numa prateleira mais alta, e depois numa mais alta ainda, e depois, num canto que você não alcança todo dia. Mas você sabe que ela está lá, guardada para sempre, junto de muitas coisas que fazem parte da sua vida."


Não é uma ótima definição para uma série de coisas?


Obs - a foto é do site www.poets.org

sábado, 6 de setembro de 2008

Shakespeare (1564-1616)


Quem sou eu para ficar discutindo Shakespeare, mas recebi há algum tempo um trecho do "measure for measure":

"Our doubts are traitors
And make us lose the good we oft might win
By fearing to attempt"


Que é algo mais ou menos assim: "nossas dúvidas são as nossas traidoras, e fazem-nos perder as coisas boas que poderíamos frequentemente ganhar só pelo medo de tentar".

Essa tentativa em português é minha. Dúvidas sempre.


obs - a foto é do site www.abc.net.au