quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Leminski

Acho que praticamente toda a obra do Leminski está neste blog. Mas que bom, não? E o poema abaixo está neste livro bilíngue português/espanhol. Cada coisa legal...

"desastre de uma idéia
só o durante dura
aquilo que o dia adiante adia

estranhas formas assume a vida
quando eu como tudo que me convida
e coisa alguma me sacia

formas estranhas assume a fome
quando o dia é desordem
e meu sonho dorme

fome da china fome da índia
fome que ainda não tomou cor
essa fúria que quer
seja lá o que flor."

Adoro o final - seja lá o que FLOR.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

No happy endings

Vi a ilustração abaixo em um dos milhares de blogs/tumblrs que leio sobre literatura/livros/livrarias/bibliotecas e afins. E me dei conta que é exatamente isso. Quantas vezes li um livro e achei que de jeito nenhum deveria haver um final feliz. E quando o final feliz acontece quando eu não espero eu sempre me pergunto: será que é só pro leitor ficar feliz? O leitor não quer, necessariamente, ficar feliz, ele quer ler algo incrível. Sempre. 

It´s ALWAYS about the story. Não acham?


sábado, 25 de agosto de 2012

Ah sim, a velha poesia...


A maioria dos meus livros ainda permanece nas caixas mas hoje não resisti e abri uma delas. E peguei "A vaca e o hipogrifo" de Mário Quintana. Acho que a semana merece acabar com isto:

"Poesia, a minha velha amiga...
eu entrego-lhe tudo
a que os outros não dão importância nenhuma...
a saber:
o silêncio dos velhos corredores
uma esquina
uma lua
(porque há muitas, muitas luas...)
o primeiro olhar daquela primeira namorada
que ainda ilumina, ó alma,
como uma tênue luz de lamparina,
a tua câmara de horrores.
E os grilos?
Não estão ouvindo, lá fora, os grilos?
Sim, os grilos...
Os grilos são os poetas mortos.

Entrego-lhe grilos aos milhões um lápis verde um retrato
amarelecido um velho ovo de costura os teus pecados
as reivindicações, as explicações - menos
o dar de ombros e os risos contidos
mas
todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte
as explosões de cólera
o ranger de dentes
as alegrias agudas até o grito
a dança dos ossos...

Pois bem,
às vezes 
de tudo quanto lhe entrego, a Poesia faz uma coisa que
parece que nada tem a ver com os ingredientes mas que
tem por isso mesmo um sabor total: eternamente esse 
gosto de nunca e de sempre."

É pra ler. E pra chorar. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Hemingway


Tenho o livro de cartas do Hemingway. A coisa mais linda. Ainda não li tudo e toda hora vou lá, abro uma página (das 930) e vejo cada coisa. Já disse em vários posts que amo cartas de escritores. Amo. Eu e meia dúzia de gente no mundo (leia-se Elaine), acho eu. 

Abri hoje na página 216. É uma carta de 07 de setembro de 1926 para o Fitzgerald. A carta começa com "Dear Old Fitz", vai por mais 8 parágrafos e o final:

"Give my love to Zelda and tell her how sorry we were not to see you when we came around to say goodbye. I haven´t been drinking, haven´t been in a bar, haven´t been at the Dingo, Dome nor Select. Haven´t seen anybody. Not going to see anybody. Trying unusual experiment of a writer writing. That also will probably turn out to be vanity. Starting on long semi-permanent bike trip to last as long as the good weather lasts as soon as my present piles go down. Then will get a lot of work done, all the stories I want to write, probably working in Marseilles. Then we´ll see.

The world is so full of a number of things I´m sure we should all be as happy as kings. How happy are kings?
Yrs always,
Ernest."

How happy are kings? Pois é.

domingo, 19 de agosto de 2012

Fitzgerald

Citação do grande Fitzgerald:

"That is part of the beauty of all literature. You discover that your longings are universal longings, that you’re not lonely and isolated from anyone. You belong."

Várias coisas interessantes no "writing quotes".

E continuamos por aqui.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Julio Cortazar


Julio Cortazar escreveu em Paris o seguinte:

SEJAM REALISTAS, PEÇAM O IMPOSSÍVEL.
 
"Não fazemos outra coisa,
o impossível é o pão em cada boca,
uma justiça de olhos lúcidos,
uma terra sem lobos, um encontro
com cada fonte ao final do dia.
Somos realistas, companheiro, vamos
de mãos dadas do sonho à vigília."

Adoro esse livrinho.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Grande sertão


Meu "Grande sertão" ficou fora das caixas (comecemos as interpretações, por favor). E o interessante é que as marcações que tenho dele foram feitas há quase 20 (ai) anos, quando estava na faculdade. Só uma obs: a maioria dos meus livros tem, nas suas respectivas primeiras páginas, meus trechos favoritos anotados por página. Então, é uma delícia voltar a folhear o livro e descobrir coisas interessantes que eu não lembrava mais. E que, na época, foi lido por uma Andréa bem diferente. Enfim, na página 278:

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza." 

Ai, Riobaldo.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Poesias coligidas


3 caixas cheias de livro estão fechadas aqui ao meu lado. Não tenho apego aos objetos em geral. Mas demorei alguns dias para encaixotar os livros e ainda rolaram lágrimas porque eles devem ficar lá por algumas semanas ou meses. Sei lá o que me deu. Mas, os que ficam em outro móvel, não mudarão de lugar e me farão mais feliz neste meio tempo.

E Fernando Pessoa:

"Aqui neste profundo apartamento
Em que, não por lugar, mas mente estou,
No claustro de ser eu, neste momento
Em que me encontro e sinto-me o que vou,

Aqui, agora, rememoro
Quanto de mim deixei de ser
E, inutilmente, [...] choro
O que sou e não pude ter."

sábado, 4 de agosto de 2012

Thanks


Aí você recebe uma mensagem de alguém que diz que seu blog desperta a vontade de aprender, e que faz a pessoa melhor. O que mais queremos da vida? Nada. Absolutamente nada. 

Olhei pra cima e vi alguns livros que ainda não foram para a caixa e estava este daqui que eu amo e já contei a história em algum lugar do passado. Aqui. 

E na última página: 

"Dear the End of Something,

Thank you for being the beginning of something else.

Much love,

Leah."

É isso - o fim é sempre um começo de outra coisa. Tô poética? Às vezes é bom.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

4 anos

E há 4 anos eu fazia a primeira postagem no blog. A vida era outra, o mundo era outro e coisa e tal. Começo neste fim de semana a empacotar todos os meus livros para pintar a casa e para que um novo móvel seja feito para eles. Vai ser um tempo olhando para as prateleiras vazias, mas depois a coisa ficará melhor.

Talvez as postagens fiquem mais espaçadas porque não terei tudo aqui pertinho de mim. Mas sei lá. Talvez leia coisas tão interessantes que volte sempre. Vamos acompanhar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gore Vidal


E aí o povo morre e te dá uma sensação péssima. Quem vai sobrar? É sempre a minha questão. E neste livro de memórias do Gore Vidal, ele fala o seguinte quando completou 50 anos:

"On October 3, 1975, I turned fifty, an event that I wanted to keep secret. I cannot imagine anyone willingly celebrating time´s ruthless one-way passage."

Pois é. RIP Gore Vidal.