terça-feira, 30 de junho de 2009

Luis Fernando Veríssimo


Este é o último post do mês. No primeiro de junho a gente falou de Whitman. Agora falaremos de Veríssimo. Acabamos bem, não é mesmo? Acho que todo mundo é unânime em dizer que ele é realmente muito, muito bom. Este é o tipo de humor que amo na literatura.


O trecho abaixo foi publicado na coluna dele do último domingo (dia 28) no Estadão:


"OBERON

O nome não é a pessoa, mas minha vida seria completamente diferente se eu me chamasse, por exemplo, Oberon. Oberon Frenegaz de Hoz e Malgavia.

Para começar, jamais teria dificuldade em reservar mesa em restaurantes.
- Es para Oberon Frenegaz de Hoz e Malgavia de Soler e Pantajas.
Uma pausa e o arremate:
- Tercero.
- Sim senhor. Uma mesa para quantos?
- Dez. Estarei sozinho.

Sim, porque, com um nome assim, mesmo sozinho você é um cortejo.

O nome que escolhemos, ao contrário do nome que nos dão, revela a idéia que fazemos de nós mesmos e os projetos secretos que sempre tivemos para nossas vidas e o nome dado impedia. Quem escolhe se chamar Oberon é porque tem ambições de Oberon. Que obviamente, boas coisas não podem ser.

Minha mulher não entenderia.

-Mas Luis Fernando...
-Oberon.
-Mas Oberon... Esse bigode. Essa piteira de madrepérola. Você nem fumava.
-Cajate, mujer.
-E esse mau espanhol...
-No tengo que dar explicaciones. Mis pantufas!"

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Haikai de segunda-feira

Aí eu entrei 500 vezes na página do blog e fiz 200 posts e apaguei tudo. Isso desde sexta-feira. Sei lá... se eu fosse escritora até poderíamos entender, mas nem isso.

Um haikai então:

"winter rain-
people have been so kind
my eyes fill with tears"

Santoka

E que essa semana seja bem interessante e bonitinha, né?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Frase de sexta

Ontem eu estava preparando aula e selecionei um texto do NY Times super interessante sobre psiquiatria (a aluna é psicoterapeuta). Aí no final do texto tem uma frase do Edward Albee, grande dramaturgo, escritor de "Quem tem medo de Virginia Woolf", que é:

"It can be necessary to travel a long distance out of the way in order to come back a short distance correctly".


Não sei se consigo traduzir de uma forma tão bonita e clara - só explicando mesmo. Quem quiser se habilitar.....

Mas a frase é o máximo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ao mesmo tempo




Todo mundo lê vários livros ao mesmo tempo, né? Então, tá. Eu acho que não somos nós que temos um tempo diferente para cada um, mas cada livro tem o seu ritmo, e devemos obedecer o que ele nos solicita.

Atualmente, os meus 4 são estes:


* A Mercy - Toni Morrison

* The Hour I first believed - Wally Lamb (um dos meus autores contemporâneos americanos favoritos) - leiam "Dolores reinventada" (She´s come undone), "Eu conheço a verdade" (I know this much is true) e "Couldn´t keep it to myself" (não tem tradução). Isso é tudo que ele escreveu até hoje. Brilhante.

* The pleasures and sorrows of work - Alain de Botton

* Vida de escritor - Gay Talese.

Só isso.

E vocês?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mais Manuel Bandeira

Rondó do Capitão

"Bão balalão,
Senhor capitão,
Tirai este peso
Do meu coração.
Não é de tristeza,
Não é de aflição:
É só de esperança,
A aérea esperança...
Aérea, pois não!
- Peso mais pesado
Não existe não.
Ah, livrai-me dele,
Senhor capitão!"

Escrito em 8 de outubro de 1940.

Obs - quarta é um dia estranho, né?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Gaturro e eu


Descobri o Gaturro quando fui pra Buenos Aires em 2006. Amei. Ele é tipo um Garfield mais alguma coisa. Não sei definir muito. Já há traduções em português.... mas em espanhol é demais....

Deixem tudo que estão fazendo neste momento e dirijam-se ao site djá:
http://www.gaturro.com/

Obs - eu estou melhorando.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Manuel Bandeira (1886-1968)



Vamos parar com essa coisa nervosinha da minha parte e voltar, né? As coisas (aparentemente) estão entrando nos eixos neste final de semestre.

Hoje entrei numa livraria/papelaria aqui perto e reparei naquela coleção da L&PM Pocket... tenho vários, mas me dei conta que em casa não há NENHUM livro do Manuel Bandeira. Falha terrível né, Dona Andréa? Mas cá estou eu me redimindo com Poética:


"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
[expediente protocolo e manifestações de apreço
[ao sr. diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
[dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
[de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do
[amante exemplar com cem modelos
[de cartas e diferentes maneiras
[de agradar às mulheres, etc.

Quero o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."


Nem eu.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Mais Caio F.

"Então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exatas. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse".

Caio Fernando Abreu

Eu juro que essa minha fase vai passar logo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Para o Bruno

Bruno querido, eu estarei sempre aqui (assim pretendo) e sempre também perto de você. E o semestre está acabando. Depois te conto detalhes da vida.

E um haicai escrito por um poeta japonês no século XVI vai pra você (devidamente traduzido para o inglês):

everything that was
has vanished from my aged heart
leaving not a trace


Obs - depois conto sobre a aquisição deste novo livrinho de haicais.

Vou voltar



Aos poucos estou voltando.

sábado, 13 de junho de 2009

José Paulo Paes e Poe



Acho que já peguei na mão umas 10 vezes o livro de poesias completas de José Paulo Paes e nunca comprei. Ontem mais uma vez isso aconteceu, mas li pela primeira vez o poema "A Edgar Allan Poe", que é este:

"Fecha-se um homem no quarto
E esquece a janela aberta.
Pela janela entra um corvo.
O homem se desconcerta.

Desconcertado, invectiva-o
De anjo, demônio, adivinho.
Pede-lhe mágicas, mapas,
Soluções, chaves, caminhos.

Mas, ave de curto vôo,
O corvo sorri de pena.
Murmura vagas palavras.
Não absolve, não condena.

Cala-se o homem, frustrado,
(o egocentrismo desgosta)
E, a contragosto, percebe
Que o eco não é resposta"


José Paulo Paes traduziu muita coisa da obra de Poe. E eu concordo: o eco não é resposta.

Adorei a ilustração que é daqui: http://s3-external-1.amazonaws.com/wootsaleimages/Quoth_the_Raven22wDetail.jpg - que faz estampas de camiseta.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dorothy Parker de novo




Mais de Dorothy Parker:

"Oh, life is a glorious cycle of song,
A medley of extemporanea;
And love is a thing that can never go wrong
And I am Marie of Romania"

Perdoem-me a falta de sensibilidade neste dia dos namorados. Mas enfim...

Obs - a foto é do site da enciclopédia britânica

terça-feira, 9 de junho de 2009

Restos




Não me perguntem qual a razão, mas tenho só um livro de Drummond: "Farewell". Vai saber....

Aqui está "restos"

"O amor, o pobre amor estava putrefato.
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.

Não pude agasalhá-lo: ofendia-me o olfato.

Muito embora o escutasse, eu de mim era
[ausente"

sábado, 6 de junho de 2009

Alice Ruiz de novo



Todo mundo gosta de dia assim, né? Céu azul, friozinho. Pois é. Estou, já faz um tempinho , tentando achar alguma coisa legal para colocar aqui. Não que eu não tenha, não é isso. Mas sei lá.

E decidi assim:

"queria tanto
fazer um poema hoje

uma canção que fosse

digna desse dia

com suas cores
brilhos e brisas

queria tanto
que esse poema me quisesse

e me fizesse um mimo
me desfazendo em risos


queria tanto
esse dia em versos
meu coração

deste bem diverso
para sempre
conservado

em seu próprio encanto".

Dois em um. Ed. Iluminuras. A foto é do site oficial da autora.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

De "poemas completos de Alberto Caeiro"


"Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho.
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

da TV

"I love beginnings"

Acabei de ouvir essa frase de um programa de tv que estou vendo. É óbvia demais e besta, mas é isso.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sobre poesia



Este trecho final é de "Sobre poesia" de Vinícius que está no "Para viver um grande amor".

"Mas eu acho difícil que um poeta possa jamais conseguir o seu filé em troca de um soneto ou uma balada. Por isso me parece que a maior beleza dessa arte modesta e heróica seja a sua aparente inutilidade. Isso dá ao verdadeiro poeta forças para jamais se comprometer com os donos da vida. Seu único patrão é a própria vida: a vida dos homens em sua longa luta contra a natureza e contra si mesmos para se realizarem em amor e tranqüilidade"

Escrevi umas 15 frases comentando o texto acima. Apaguei todas. Sei lá.

Obs - A foto é do site www.viniciusdemoraes.com.br

segunda-feira, 1 de junho de 2009

E começou junho




Eu gosto bastante de junho. Acho que por causa do frio que chega, e também porque é um período de encerramento de atividades para nós - professores. A gente precisa ter uma pausa das aulas. Por isso que temos o mês de julho inteiro para isso.

Falando em finalização, semana passada acabei "Walt Whitman - a formação do poeta", como já esperado... e o último parágrafo é assim:

"Nossa civilização tomou uma estonteante direção interna expressa numa nova e complexa estética. Essa tendência representa um recuo coletivo do 'silêncio dos espaços infinitos'? Teremos nos voltado para dentro com o fim de não nos perdermos no vazio do cosmos? Whitman não conheceu esse problema, pois se expunha ao exterior com alegria, transformando a geologia, a astronomia e toda a turbulência de sua época num palco montado para o seu imenso eu."