segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Já já mas agora não

Quero muito falar de Maya Angelou, Toni Morrison, Ana Cristina César, Vinícius, mais Poe, mais Alain de Botton, mais Capote, Nick Hornby, e.e. cummings, mais Pessoa, mais Whitman, sempre Leminski, mais Harold Bloom, mais Caio F. e mais tudo que vier. O que acontece é a falta de inspiração até para a escolha. Por enquanto então, mais um hai kai:

the earth shakes
just enough
to remind us


de Steve Sanfield (eu nunca ouvi falar..... é daquele livro que está em um dos posts anteriores).

ficaria mais ou menos assim:

a terra treme
só o suficiente
para nos lembrar

Até que ficou bonitinho. Vou começar a traduzir hai-kais. Brincadeira.

domingo, 28 de setembro de 2008

P.L.


De tempos em tempos (como toda a humanidade) eu mudo o wallpaper do computador. Mas sempre volto para este poema do Leminski. Achei desta maneira, rascunhado por ele, há algum tempo na internet. E é lindo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mais do mesmo


meianoite
o silêncio tine
a sombra vira cena
o sonho vira cine







Amo a ilustração acima do Leminski. E já não lembro de onde peguei. Assim que lembrar deste mero detalhe, coloco aqui.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Julio Cortázar (1914-1984)


Alguém pode perguntar o que eu entendo de Literatura Argentina e mais especificamente de Cortázar. A minha resposta é: nada. Claro que já li algumas coisas de Borges, mas não muito mais do que isso. Sou bem ignorante em relação ao tema (aceito sugestões para leituras futuras). O importante é que o pouco que conheço, amo. Assim como a música - que amo também (Fito praticamente todos os dias). Mas a questão é a seguinte: no início de um conto de Caio F. estava o seguinte trecho (que eu acho que é trecho...) da obra Final de Juego de Cortázar:



Era perfectamente natural que te acordaras de
él a la hora de las nostalgias, cuando uno se
deja corromper por esas ausencias que llama-
mos recuerdos y hay que remendar con palabras
y con imágenes tanto hueco insaciable.


Se eu entendi? Perfeitamente. Pra entender a língua, falar e achar o poema lindo - eu sou capaz.

Obs - a foto é do site www.speculum.art.br

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Reflexões na madrugada


"
Logic and sermon never convince,
The damp of the night drives deeper into my soul"



Ai ai. Walt Walt. No comments at all.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

W. Whitman


Na minha última viagem descobri um livro em um sebo que eu nem sabia que existia: The Better Angel - Walt Whitman in the Civil War, de Roy Morris Jr.

Não sei porque não comecei a ler antes, mas enfim, está começado e tudo o que eu achava de Whitman é verdade ou até melhor do que a figura que eu tinha na cabeça.

Trechos da obra virão.

Como pode ser visto na foto - dá pra fuçar dentro do livro (pelo site da amazon).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Just some changes

Só mudei um pouquinho o layout do blog. Acho que assim ficou mais bonitinho. Daqui um tempo mudo de novo. Sempre.

Não-clássicos

Já estava ensaiando há algum tempo começar a escrever sobre músicas e livros que não se enquadram (quase nunca) ao que chamamos de clássicos da literatura. Autores que gosto, pedaços de música que fazem sentido, etc.....

Nem só de clássicos a gente vive. Não é verdade?

O que eu colocarei aqui é um trecho do livro "Quase tudo" da Danuza Leão. É isso mesmo. Sem nenhum tipo de observação em relação ao assunto, aí vai:

"Se fui feliz? E o que tem isso a ver com a paixão? A paixão faz sofrer, é sombria, trágica, exclui totalmente a felicidade, não é feita para durar e não costuma acabar bem, o que eu não sabia na época; meu pai sim, sabia, e sabia também que não adiantava me dizer o que previa: que não ia durar. Nessas horas não adianta ninguém dizer nada, pois os apaixonados são cegos e surdos, e assim sempre serão."

Quem conhece a vida da autora sabe do que ela está falando.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mais de Harold Bloom

Só uma frase de Harold Bloom: "Caso pretenda desenvolver a capacidade de formar opiniões críticas e chegar a avaliações pessoais, o ser humano precisará continuar a ler por iniciativa própria."

Sem comentários.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ralph Waldo Emerson (1803 - 1882)


Ele era um gênio. Todo mundo acha isso - até o Harold Bloom. Eu adoro as frases de efeito, os poemas e os ensaios. O mais interessante é que sempre, todo mundo gostou dele - uma alma boa, que dava abrigo aos amigos, brilhante e fervoroso adepto do movimento anti-escravidão.

Além disso, acho que fez um dos cursos que atualmente, eu gostaria muito de fazer - formou-se em Divinity em Harvard. Mas nunca falou babaquices sobre a religião, aliás só falou coisas absolutamente pertinentes que ficam até hoje.

E é dele: "To be great is to be misunderstood".

A discussão das aulas da semana é essa - Emerson e o movimento transcendental.



Obs - a foto é do site www.transcendentalists.com

sábado, 13 de setembro de 2008

F. Pessoa



Um pouquinho mais:

"Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo próximo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco."

Livro do Desassossego

Obs - foto do site www.mundocultural.com.br

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Mais dele



Não resisti:

"Soa estranho, esta manhã,
tudo o que sempre foi meu, como pode?
Como pode que esse som lá fora,
os sons da vida, a voz de todo dia,
pareça ficção científica?

Como pode que esta palavra,
que já vi mil vezes e mil vezes disse,
não signifique mais nada,
a não ser que o dia, a noite, a madrugada,
a não ser que tudo não é nada disso?

Pode que eu já não seja mais o mesmo.
Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.
Pode tudo o que puder poder.
Só não pode ser tanto."

Poema "como pode?" de Paulo Leminski, do livro "Distraídos Venceremos". A foto é da capa do livro "Envie meu dicionário". É isso.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Elizabeth Bishop (1911-1979)


Há vários anos fui com um grande amigo assistir a peça "Um porto para Elizabeth Bishop". Era um monólogo com a Regina Braga. Na ocasião não tinha idéia quem era ela e só lá que entendi que era uma autora americana que viveu no Brasil durante anos com a companheira. O que me marcou da peça foi exatamente o texto da autora - Marta Góes.

Falo sempre de Elizabeth Bishop nas minhas aulas e em algum outro post mais pra frente falarei com mais detalhes sobre sua poesia.

Em 2005 achei o livro sobre a peça na Livraria Cultura e o trecho que mais me recordo (e que agora leio no livro, é claro) é a parte final, anos depois da morte da companheira, que Elizabeth (por meio da Marta Góes) fala o seguinte:


"Faz dez anos outro dia. É claro que em dez anos a dor que você guardava na primeira prateleira e pulava no seu peito toda manhã vai se acomodando numa prateleira mais alta, e depois numa mais alta ainda, e depois, num canto que você não alcança todo dia. Mas você sabe que ela está lá, guardada para sempre, junto de muitas coisas que fazem parte da sua vida."


Não é uma ótima definição para uma série de coisas?


Obs - a foto é do site www.poets.org

sábado, 6 de setembro de 2008

Shakespeare (1564-1616)


Quem sou eu para ficar discutindo Shakespeare, mas recebi há algum tempo um trecho do "measure for measure":

"Our doubts are traitors
And make us lose the good we oft might win
By fearing to attempt"


Que é algo mais ou menos assim: "nossas dúvidas são as nossas traidoras, e fazem-nos perder as coisas boas que poderíamos frequentemente ganhar só pelo medo de tentar".

Essa tentativa em português é minha. Dúvidas sempre.


obs - a foto é do site www.abc.net.au

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O crítico - Harold Bloom


Harold Bloom talvez seja hoje o crítico literário mais importante do mundo. Eu adoro "Como e por que ler", escrito em 1999/2000. No prefácio e no prólogo ele tenta nos explicar porque lemos. E as razões são ótimas (e corretas).

Um pequento trecho:

"Ler nos conduz à alteridade, seja à nossa própria ou à de nossos amigos, presentes ou futuros. Literatura de ficção é alteridade e, portanto, alivia a solidão. Lemos não apenas porque, na vida real, jamais conheceremos tantas pessoas como através da leitura, mas, também, porque amizades são frágeis, propensas a diminuir em número, a desaparecer, a sucumbir em decorrência da distância, do tempo, das divergências, dos desafetos da vida familiar e amorosa".

Obs - a foto é do site da editora objetiva (que publica os livros dele no Brasil).

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Clarice (1920-1977)


Não faltam trabalhos, dissertações ou teses sobre ela (não é Isabel?), então não serei eu que gastarei mais falando e/ou explicando. Aqui vai somente um pedaço de um texto publicado em 07 de outubro de 1967 no Jornal do Brasil (tudo publicado no maravilhoso - "A descoberta do mundo"):

MEDO DO DESCONHECIDO: Então isso era a felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade.


obs: A foto é do site www.releituras.com.br

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Poe - hoje começa


Quando tenho que preparar aulas específicas sobre um autor fico muito feliz. Tento mergulhar na vida do autor (de novo), reler as obras, aquela coisa toda.

Essa semana é ele: Edgar Allan Poe. E, uso as palavras de Paulo Leminski para os elogios: "toda a literatura dita 'fantástica', Kafka, Borges, começa com ele. Poe decretou a liberdade da imaginação e da fantasia criadora. Não pode haver título nem glória maior."

E vamos ao corvo....