quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Hai Kai

Nesta semana que a criatividade e as escolhas estão voltadas para outros fins, um hai kai bonitinho só pra dizer que eu ainda estou aqui e, continuarei:

the earth shakes
just enough
to remind us


de Steve Sanfield.

domingo, 25 de janeiro de 2009

POE


Nestes 200 anos (em 2009) das comemorações do nascimento do Poe há várias coisas legais nos jornais, sites e, principalmente, nas comemorações nos Estados Unidos.

Acho que todo mundo já leu alguma coisa dele, ou, certamente, sabe da influência dele em inúmeros artistas até hoje.

Já falei um pouco dele em algum post passado e nunca sei qual trecho de qual obra eu incluo aqui. Mas aí vai o final do Retrado Oval:

"And then the brush was given, and then the tint was placed; and, for one moment, the painter stood entranced before the work which he had wrought; but in the next, while he yet gazed, he gew tremulous and very pallid, and aghast, and crying, with a loud voice, 'This is indeed Life itself!' turned suddenly to regard his beloved: - She was dead!"


A foto é da camiseta que a minha amiga, filha da Elaine, ex-aluna, cantora, master, power,etc....(Mari C - dona do blog que está na listinha aqui ao lado) comprou nos EUA, aliás, o poema "The Raven" que ela me deu (escrito como se fosse o original do Poe, com fotinho e assinado por ele) fica todos os dias aqui do meu lado, já emoldurado, esperando eu me decidir em qual parede ficará por todo o sempre.


Obs - o que eu mais gosto do corvinho? "take thy beak from out my heart and take thy form from off my door".

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Emily Dickinson e tradução



Fiz um curso nessa semana de tradução com o (ótimo) Paulo Henriques Britto. Hoje, a última aula, foi sobre tradução de poesia. Nada mais complicado na existência humana. Vimos este poema da Emily Dickinson que eu, sei lá porque cargas d´água, santa ignorância, não conhecia:

Finding is the first Act 
The second, loss,

Third, Expedition for

The "Golden Fleece"


Fourth, no Discovery --

Fifth, no Crew --

Finally, no Golden Fleece --
Jason -- sham -- too.


E a tradução de Paulo Henriques Britto

Primeiro Ato é achar,
Perder é o segundo Ato,
Terceiro, a Viagem em busca
Do “Velocino Dourado”

Quarto, não há Descoberta —

Quinta, nem Tripulação —
Por fim, não há Velocino —
Falso — também — Jasão.



Obs 1 - Ia fazer uma interpretação minha do poema, mas enfim, it is self-explanatory.

Obs 2 - Recebi pedidos do leitor M. e falarei (mais) sobre Edgar Allan Poe em breve.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Poeminha


De Alice Ruiz:

lembra o tempo
que você sentia

e sentir

era a forma mais sábia
de saber e
você nem sabia?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Rir

Uma das coisas que mais AMO quando pego um livro é quando eu dou risada logo de cara. É muito bom, porque não acho graça de tantas coisas assim. Então quando um autor, que eu não conhecia, faz isso logo na primeira página, já sei que vou adorar.

A risada aconteceu hoje, num local público, onde estava tomando café e tenho certeza que recebi olhares de desconfiança. O livro é "A última casa de ópio" de Nick Tosches, indicação feita pelo Trigo (ver blog ao lado):

"Um amigo meu tem um restaurante que é considerado um dos melhores italianos de Nova York. Como na maioria dos restaurantes italianos em Manhattan, a comida é preparada por dominicanos e outros camaradas de origens étnicas das mais exóticas e indiscerníveis. Esse reduto de iguarias do Terceiro Mundo em particular, onde eu almoço, tem a insígnia adicional de "cucina toscana", que invoca esse parque temático tão americano, Florença, onde hoje é difícil encontrar um vero fiorentino em meio à transbordante manada de turistas em veraneio, que é a vingança de Dante."....

E depois vem a parte que ele tira sarro dos conhecedores de vinho....

Não estou nem na metade do livro... depois conto mais.

Obs - este é o post de número 100.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A primeira "folha" de 2009


"Behold, I do not give lectures, or a little charity,
What I give, I give out of myself".



E a tradução de Rodrigo Garcia Lopes:

"Escuta, não dou lições nem esmolas,
Quando me dou, é por inteiro".


Obs - a foto de W. Whitman peguei do site: www. oglobo.globo.com

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Jorge Luis Borges (1899-1986)


Conheço pouquíssimo de Borges. Mesmo. Quase nada. Só alguns poemas e o que está abaixo do título desse blog. Mas eu (ainda bem) sempre acho que vou ler tudo de vários autores e ele está nesta lista.

O poema abaixo está num livro da Companhia das Letras chamado "primeira poesia" que contém trechos de três livros. Este especificamente está em "fervor de buenos aires" de 1923.

o sul

"De um te teus pátios ter olhado
as antigas estrelas,
de um banco na sombra ter olhado
essas luzes dispersas,
que minha ignorância não aprendeu a nomear
nem a ordenar em constelações,
ter sentido o círculo da água
no secreto poço,
o aroma de jasmim e madressilva,
o silêncio do pássaro que dorme,
o arco do saguão, a umidade
- essas coisas, talvez são o poema."

Tradução de: Josely Vianna Baptista

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Move the f*** on


Eu sei que sou lenta em alguns aspectos, e que já deveria conhecer esta citação do Tupac, mas enfim, nunca é tarde. Não é ótimo??

Vi pela primeira vez neste blog (lindo) aqui: http://decoeuracao.blogspot.com/

Obs - Tupac (1971-1996) foi um rapper americano, ator e ativista social que morreu assassinado.

Emily Dickinson (1830-1886)


Estudamos Emily Dickinson sempre. Sua vida reclusa, seus 1775 poemas encontrados depois de sua morte, os amores que ninguém nunca entendeu, aquela coisa toda. Toda vez que discutimos em sala de aula, algum aluno pergunta "mas se ela nunca mais saiu de casa, como ela conseguia escrever dessa maneira? E a inspiração?" Pois é.

"All the letters I can write
Are not fair as this -
Syllables of Velvet -
Sentences of Plush,
Depths of Ruby, undrained,
Hid, Lip, for Thee -
Play it were a Humming Bird -
And just sipped - me - "

Não gosto da tradução que tenho no meu livro. Deixo assim.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Capote


"Os cães ladram - Pessoas públicas e lugares privados" é um pocket book que é vendido em qualquer livraria/banca de jornal. É uma coletânea de textos sobre lugares e pessoas.... pelo que entendemos, é escrito pelo jornalista Truman Capote isto é, não-ficção.


O trecho abaixo é de "A rosa branca" de 1970.


Algumas pessoas, quando viajam, levam consigo fotos de amigos e familiares ou namoradas; eu também. Mas levo ainda uma maleta que comporta seis pesos, cada um deles embrulhado em flanela, pois os pesos, apesar de sua aparente solidez, são extremamente frágeis, além de parecerem um grupo de irmãos encrenqueiros, inimigos; uma das maneiras mais fáceis de trincar ou lascar um peso é a colisão com outro peso. Então, por que os levo comigo por aí, numa viagem de dois dias a Chicago ou Los Angeles? Porque, quando os instalo, para mim eles transformam o quarto de hotel anônimo mais sinistro num lugar íntimo, aconchegante e seguro. Além disso, se o sono não chega às quinze para as duas, a tranqüilidade chega com a contemplação de uma rosa branca tranqüila, até a rosa se expandir na branquidão do sono.

Ocasionalmente dou um peso de presente a um amigo muito especial, e ele sempre sai dos meus preferidos, pois, como disse Colette naquela tarde distante, quando declarei não poder aceitar como presente algo que ela obviamente adorava: "Meu caro, não há razão para dar de presente algo que a gente não valoriza".

sábado, 3 de janeiro de 2009

Uma pré-história do turismo no Brasil


Eu conheço pessoas que escrevem bem (poucas), razoavelmente (várias) e outras que fazem com que você quase perca a fé na humanidade (muitas). Não estou falando de escritores ou jornalistas, que têm obrigação de, mas de, digamos assim "gente como a gente". Quando eu leio algum trabalho de aluno que supera as minhas expectativas, ou algum e-mail interessante, ou algum livro de alguém que gosto, fico TÃO feliz que sei lá.

Estou relendo (para fazer uma resenha, etc.. aí já é outro drama que deixa pra lá) "Uma pré-história do Turismo no Brasil: Recreações Aristocráticas e Lazeres Burgueses" do Haroldo (Leitão Camargo), meu orientador (mestrado - há tempos) e meu amigo. É tão bem escrito que dá vontade de sair ligando pras pessoas comprarem e/ou jogar na cara de algumas "leia e aprenda!!!".

Bem que eu podia ficar falando do Haroldo, mas não sei se ele iria ficar tão feliz. Só posso dizer que conheço (ou não) pouquíssimas pessoas tão brilhantes quanto ele. Só isso. De qualquer maneira, o livro está sendo vendido por aí (na Livraria Cultura, no site da Editora Aleph,....)

Só um pedacinho da introdução:

"O tratamento da problemática específica evocada em relação ao tema e aos diversos eixos subtemáticos, que não dependeram apenas de grandes marcos ou proposições, como os que acima foram expostos, vieram-me ao espírito e os devo aos meus alunos, como evocação sempre presente das vozes e dos diálogos, da necessidade imperativa nesses não poucos anos de responder às indagações deles. Deve-se, portanto, a eles; e tudo visto e revisto em memória, não foram poucos. Retificar, reavaliando simultaneamente as proprias observações que se revelavam em minha consciência, não raro depois de algumas horas, inconsistentes, dá-me certeza de que, ao ensinar, aprendi."


Obs 1 - Não sou escritora, mas professora - e leio textos o ano inteiro, em português, em inglês e assim, a gente aprende, não é mesmo?
Obs - Para quem ainda não sabe, a minha outra área de trabalho (e estudo) é o turismo.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Fernando Pessoa / Álvaro de Campos


Lisbon Revisited (1926)

"Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.

Anseio com uma angústia de fome de carne

O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar..."



Primeiro dia do ano não é meio assim?


Obs: a foto é o quadro de Almada Negreiros, de 1954.