Tudo de bom que já foi dito sobre Walt Whitman e sua obra "Folhas da Relva" eu concordo. Por isso o nome deste humilde bloguinho que fala sobre literatura é uma homenagem ao grande poeta que, como disse Borges: "toma e não diz a ninguém a infinita decisão de ser todos os homens e escrever um livro que seja todos".
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Não tenho capacidade para falar de Carlos Drummond de Andrade. Nunca estudei Drummond na Puc (com profundidade, na literatura brasileira só ficou Grande Sertão - oh yes!!) e li só algumas coisas. Enfim, depois de expressar minha ignorância, aqui abaixo há um texto dele chamado 'Ausência" onde ele escreve ao final "com o pensamento em Ana Cristina César". O texto está no livro dela.
"Por muito tempo achei que a ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
Ausência é um estar em mim
E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres.
Porque a ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim."
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3 comentários:
Isto me marcou profundamente,mas eu sou um bobo, um sentimental:
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.
PS: ENVELHECER É FODA! ( e aqui, desculpe, não cabe outra palavra!)
perfeito!!
É... "preferiram (os delicados) morrer.
bjs, Elaine (envelhecendo)
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