quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Flesh and blood

Achei um livro do Michael Cunningam que eu não tinha lido: Flesh and Blood. Lindo.

E na página 142

Tranca's mother had left everything: a husband, petunia beds, a blue-shuttered house on Zoe's street. She'd taken Trancas to live with her in drunken renunciation until she found the hard kernel of nothing from which she could start again. She was drinking her way to it, smoking Chesterfields two at a time. She was watching television, waiting for the day she'd wasted so many hours that the hours themselves would be ground down, the days indistinguishable from the nights, and she'd be able to look for a different self amid the wreckage. She wanted to drop acid with her daughter, but Trancas claimed she didn't know where to get any.




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Versos do prisioneiro (8)


Noturno sou,
mas sem noite.

A grade já não mais
me prende a morada:
a treva sou eu
o escuro morreu.

Eis o meu segredo:
todas as noites
me deito num livro
para em outra vida desaguar.

Rio escapando da margem,
margem escapando um rio.

Já quis riqueza.
Roubei,
aluguei a alma
alarguei tendões
para abarcar posses.

Agora,
meu ouro é a palavra.
Agora, a poesia
á a minha única visita de família.

E quando me notam,
noturno no canto mais escuro,
não dão conta
da minha silenciosa evasão
nem escutam
o tilintar das chaves em minha mão.

Presos, agora,
apenas os que não entram
em meu novo cárcere.