Tudo de bom que já foi dito sobre Walt Whitman e sua obra "Folhas da Relva" eu concordo. Por isso o nome deste humilde bloguinho que fala sobre literatura é uma homenagem ao grande poeta que, como disse Borges: "toma e não diz a ninguém a infinita decisão de ser todos os homens e escrever um livro que seja todos".
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Versos do prisioneiro (8)
Noturno sou,
mas sem noite.
A grade já não mais
me prende a morada:
a treva sou eu
o escuro morreu.
Eis o meu segredo:
todas as noites
me deito num livro
para em outra vida desaguar.
Rio escapando da margem,
margem escapando um rio.
Já quis riqueza.
Roubei,
aluguei a alma
alarguei tendões
para abarcar posses.
Agora,
meu ouro é a palavra.
Agora, a poesia
á a minha única visita de família.
E quando me notam,
noturno no canto mais escuro,
não dão conta
da minha silenciosa evasão
nem escutam
o tilintar das chaves em minha mão.
Presos, agora,
apenas os que não entram
em meu novo cárcere.
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