segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sylvia



Tenho um "Collected Poems" da Sylvia Plath que é lindo. Adquirido em 1997. Está aqui na estante ao lado e eu não abria há anos. Sério. A última anotação era de agosto de 2008.

E a primeira estrofe de "Parliament Hill Fields", de 1961:

"On this bald hill the new year hones its edge.
Faceless and pale as china
The round sky goes on minding its business.
Your absence is inconspicuous;
Nobody can tell what I lack."

sábado, 26 de novembro de 2011

Whitman



"Cheguem-se a mim meus amantes e tomem o melhor que tenho...
A tarefa para mim ainda não está concluída... e para vocês?
Desanimavam-se os tipos frios, o cilindro e o papel úmido de tinta entre nós.
Vivo tão insatisfeito com papel e linotipos...
Preciso do contato com corpos e almas."

"Walt Whitman: a formação do poeta" de Paul Zweig.

Este Whitman da foto é aquele que fica olhando para mim enquanto estou aqui em casa. E é um amor.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Balada do amor através das idades



"Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quanto vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos."

Coisa mais linda.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Bethânia e Chico



Show da Bethânia só com músicas do Chico. Acho que não preciso dizer muita coisa.

E mais para o final do show ela senta, e fica observando no telão "Sem fantasia", no dueto que havia feito com Chico.

"Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer

De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus"

domingo, 20 de novembro de 2011

Alice Ruiz



"de que seda

é tua pele?

de que fogo
minha sede?



de que vida
tua vinda?

pedaço que padeço
sonho que teço


que jogo
nos vence?

cedo

mais cedo

do que penso."


Dois em um. Página 41.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Contra um mundo melhor



"O fato é que a burrice tem vantagens. Sendo uma forma de cegueira, ela nos protege da agonia que é sermos animais cujo habitat natural é viver sempre na beira do abismo."

Pois é.

Página 107.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

+ By nightfall



Eu não consegui resistir e volto ao Cunningham. Queria ler o livro de novo e de novo mas sem saber o que acontece. Sabe aquela sensação de querer isso? Pois é. Só pra poder dizer ao Peter: "cuidadoooooo!". Aí vai um trecho da página 236:

"Peter glances out at the falling snow. Oh, little man. You have brought down your house not through passion but by neglect. You who dared to think of yourself as dangerous. You are guilty not of the epic transgressions but the tiny crimes. You have failed in the most base and human of ways - you have not imagined the lives of others."

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Danuza



Felicidade é ler um livro da Danuza Leão. Ou suas crônicas. Tudo é bem escrito. Amo a ironia, o jeito de escrever, os exemplos, tudo. Recomendo sempre. Comecei ontem o "É tudo tão simples." Já dei várias gargalhadas. Parei de ler um pouco agora, porque - como todo que é bom - não quero que acabe.

sábado, 12 de novembro de 2011

Truman Capote



Falei pouquíssimo de Capote no blog. Sei lá. Fui ver agora e só havia 4 postagens. Coisa louca porque adoro o cara. No meu curso de literatura americana da semana passada, selecionei este trecho do "A sangue Frio":

"Perry tinha a sensação de que vivia 'no fundo do mar' - talvez porque o Corredor da Morte geralmente fosse cinzento e silencioso, como as profundezas oceânicas, sem nenhum som além dos roncos, tosses, do arrastar de chinelos, do rumor emplumado dos pombos em seus ninhos nas muralhas da prisão. Mas nem sempre. 'Às vezes', escreveu Dick numa carta à sua mãe, 'não dá para ouvir nem os meus próprio pensamentos. Eles trancam prisioneiros nas celas do andar de baixo, que eles chamam de Buraco, e muitos deles estão enfurecidos e alguns, ainda por cima, são loucos. Ficam xingando e berrando o tempo todo. É insuportável, e todo mundo fica aos gritos mandando eles calarem a boca. Eu queria que você me enviasse uns tampões para os ouvidos. Mas eles não iam deixar eu usar. Nenhum descanso para os maus."

Mais informações sobre toda a loucura que foi a escrita dessa obra, aqui.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

The more I owe you



Voltando ao livro de Michael Sledge sobre a Elizabeth Bishop:

"After Lota, and after Brazil, she will love other people and other places, but it will be a different species of love, so different she will wonder if the feeling can be called by the same word."


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Twitter

"I discover myself on the verge of a usual mistake."

Daqui: @QuotablePoets, no twitter.

Achei verdadeiro. Dizem que é do Whitman, mas nunca se sabe.

domingo, 6 de novembro de 2011

Grande sertão: veredas



Estou preparando uma aula sobre turismo e literatura que darei para um grupo de professores na próxima sexta. É tudo muito bom. Tem tanta, mas tanta coisa pra falar. Falarei também de Grande Sertão. É sempre lindo. E relendo alguns trechos do livro, quase choro com:

"Deixei meu corpo querer Diadorim; minha alma? Eu tinha recordação do cheiro dele. Mesmo no escuro, assim, eu tinha aquele fino das feições, que eu não podia divulgar, mas lembrava, referido, na fantasia da idéia. Diadorim - mesmo o bravo guerreiro - ele era para tanto carinho: minha repentina vontade era beijar aquele perfume no pescoço: a lá, aonde se acabava e remansava a dureza do queixo, do rosto... Beleza - o que é? E o senhor me jure! Beleza, o formato do rosto de um: e que para outro pode ser decreto, é, para destino destinar... E eu tinha de gostar tramadamente assim, de Diadorim, e calar qualquer palavra. Ela fosse mulher, e à-alta e desprezadora que sendo, eu me encorajava: no dizer paixão e no fazer - pegava, diminuía: ela no meio de meus braços!"

É para o destino destinar...

sábado, 5 de novembro de 2011

Feliz

Hoje é um dia mais feliz. Depois de uns 3 anos sem discutir literatura na sala de aula, organizei um bate-papo na minha empresa sobre literatura americana. E foi tão bom discutir, rever autores, poemas e etc.

Agora estou pensando em organizar um book club ou um grupo de discussão para o ano que vem. Quem sabe?

O que seria da gente sem a literatura? Não é mesmo, Walt?

"I am the poet of the body and I am the poet of the soul."


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

The bluest eye



"What is clear now is that of all of that hope, fear, lust, love, and grief, nothing remains but Pecola and the unyielding earth. Cholly Breedlove is dead; our innocence too. The seed shriveled and died; her baby too.

There is really nothing more to say - except why. But since why is difficult to handle, one must take refuge in how."

Nem vou comentar...ai ai ai ai.


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Surprise surprise!



Começando o mês com uma surpresinha fofa. Estava eu ontem andando na livraria e vejo "Religião para ateus" do Alain de Botton. No dia anterior tinha visto no site que a previsão para o lançamento do livro (em inglês) era março de 2012. Oi? Fui lá falar com o vendedor e ele viu a mesma coisa e achou estranho da mesma maneira. Cada coisa, não?

Além disso, o livro em português custa R$ 16,00 (Oi? x2).

Desnecessário dizer que já estou lendo e curtindo. Um trechinho da página 26:

"Por mais isolados que tenhamos nos tornado, evidentemente não abandonamos toda a esperança de construir relações. Nos solitários cânions da cidade moderna, não existe emoção mais estimada que o amor. Entretanto, não se trata do amor sobre o qual a religião fala, tampouco a expansiva e universal irmandade da humanidade, é uma variedade mais ciumenta, restrita e, no fim, mais mesquinha. É um amor romântico, que nos põe em uma busca maníaca de uma única pessoa com quem esperamos conquistar uma comunhão completa e para toda a vida, uma pessoa em particular que nos dispensará de qualquer necessidade por gente em geral."

Que lindo, minha gente.