quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Crônica e Nelson



Trecho inicial de "A viagem fantástica de Otto", publicada no "Correio da manhã" em 18 de maio de 1967.

"Já disse e aqui repito: o episódio da véspera é tão passado, e passado tão defunto como a vacina obrigatória. Faço esta ressalva para incluir, nestas Confissões, o meu almoço de ontem com Otto Lara Rezende. Tudo aconteceu, ali, num restaurante amigo da rua Santa Clara. Éramos cinco: - Otto, eu, meu filho Joffre, o Hélio Pellegrino e o Vinícius de Moraes.

Não era um Otto qualquer que estava diante de nós, mas um Otto recém-chegado. E aquele que chega é sempre um ser comovido e transcendente. Vinha ele da fabulosa Escandinávia: andara no Pólo, vejam vocês, no Pólo; passara três ou quatro dias em Paris. (Não falemos de Paris, que é um lugar-comum irrespirável.)

Como o Otto vivera uma experiência polar, nós o recebemos como se fora um Byrd, um Amundsen. Se ele saltasse de um trenó, puxado por uma dúzia de caninos brancos, não me admiraria nada. "

Que mesa de discussão... e que texto.

2 comentários:

Elaine Cuencas disse...

Isso sim é conversa a respeito de viagens!

"E aquele que chega é sempre um ser comovido e transcendente."

Que beleza...vou ali sonhar um pouco com a possibilidade de, um dia, escrever bem de fato!

beijos,

Andréa disse...

Flor,
Mas você já escreve!
Beijos mil!