Comprei as crônicas do Otto Lara Rezende - Bom dia para nascer - no começo do ano e ainda não li tudo. Muita leitura desde então até agora. Olha... se eu contasse tudo que leio eu ia ser inteditada. Sério. Mas... que coisa linda é você ver como este povo escrevia. Que coisa linda.
Início de "As bodas e o bode" de 12 de março de 1992.
"Como se diz hoje em dia, são dois casais emblemáticos. Ou eram. Todo cuidado é pouco com o tempo do verbo, quando se trata de casal. Agora é, daqui a pouco já era. O que não impede que na separação floresça uma aliança de boa amizade. Ex-marido e ex-mulher vivem então em perfeita harmonia. Não apenas entre artistas, pessoas excêntricas. Ou gente famosa, colunáveis que são notícia e nunca saberemos por quê. Nem nós nem eles.
Casal era antes sinal de harmonia, pelo menos no dicionário. Tempestuosa era a separação, sobretudo se o matrimônio se confundia com o patrimônio. Havia também, e ainda há, o casal unido por um recíproco rancor. É um sentimento humano entre humanos. E muito forte. A proximidade cria essa espécie de ferrugem das almas. Ou dos corações. Amor e ódio podem ser irmãos siameses e vivem sob o mesmo teto. Hoje, o emblema do mundo é a instabilidade."
Escreveu com períodos curtos? Me apaixono imediatamente.
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