Deste livro aqui:
Obsessiva número 5
Faz tanto tempo, já
e não, eu não esqueço.
Tomadas providências melancólicas
tipo beber muito
ir ao cinema sem parar
televisão bares festinhas
drogas variadas
cartas & telefonemas
ou não. E nada.
Somados aos dos pés, dos dedos
das mãos não seriam suficientes
para contar os meses todos.
Tantos, deus, e tantas
mas tantas, tantas fiz
(como diria Ana Cristina, a bela)
e eu - mas o que seria esse eu depois de tudo?
e isso é outro papo - enfim:
eu não esqueço
aquele esboço de felicidade,
inesperados tropeços no real. E teu cheiro
de repente, outra vez, no meio de maio,
visuais rápidos na esquina, no escuro
teu rosto transformado em outros.
Arsênico, cumulativa: a memória
dum quase possível me envenenando
insidiosa e lenta
como num romance inglês.
Até hoje - até quando?
Caio - maio de 1982.
A Ana Cristina César declamando o que o Caio fala está aqui: vejam que coisa linda. De nada.
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