terça-feira, 26 de agosto de 2014

Viva Leminski!

É o meu poeta de sempre, aquele a quem eu recorro quase todos os dias: Leminski. 70 anos ele faria.



Este trecho é de uma carta escrita ao amigo Régis Bonvicino, em outubro de 1977, deste livro acima (que está esgotado, mas ainda há alguns na Estante Virtual, de nada).

"esculhambe-se vire-se altere dê alteração
considere a possibilidade de ir pro Japão
rejeite o projeto de felicidade
q a sociedade te propõe

eu sei
você é paulista
mas ser paulista não é tudo

rompa

fique mais irregular

seja mais inconveniente

é a linguagem que está a serviço da vida
não é a vida que está a serviço da linguagem

a linguagem vem
sai na urina
acontece

fazer poemas não é a coisa mais importante
mas para quem faz é
e tem que ser assim

o signo é nosso destino
nossa desgraça e nossa glória

uma aranha sempre sabe
que depois desta teia
virá outra teia e outra teia e outra

uma aranha não duvida

v. vê
não há pressa: mallarmé deixou meiadúzia de coisas
augusto idem
não se importe com a frequência/ a fecundidade/ a abundância
uma década pode esperar um bom poema".











2 comentários:

Elaine Cuencas disse...

Ai, que lindo!"Considere a possibilidade de ir pro Japão!"

Beijos...

Andréa disse...

Não é? Ele era demais, demais.
Um beijo.