quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ana Cristina César

Este é um dos meus livros mais lindos, sem dúvida. Fazia tempos que eu não falava dele aqui. Um trabalho maravilhoso.

E na página 35.


Por enquanto

Quando
então
sentada na cama de casal
lembro que nela te perdes de
beijos
estou sem ar
no ar mexo as mãos
olhos
força nos ombros no nariz;
a garganta solapa; via
estreita,
nossa conversa amena;
nossa amizade;
até o previsto e casto
adeus;
o tempo se poupa;
nos economiza;
o teu ouvido
mouco;
e o troco;
e enquanto isso,
fora,
o real constrói o poema,
imbatível.



Um comentário:

Fal, a do lencinho em punho disse...

Achei que tínhamos uma combinação tácita de uma avisar a outra em caso de postagem com potencial para choro convulsivo.