quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nelson

Início de crônica publicada em "O Globo" no dia 20 de janeiro de 1968.

"Em recente capítulo, falei do Palhares, que é um dos mais límpidos e fascinantes canalhas da cidade. (Sim, Palhares, 'o que não respeita nem cunhadas'.) Todos os autores têm seus personagens obsessivos, e confesso que o Palhares é uma das minhas fixações. Sempre que posso, eu o cito, e não sem uma quase imperceptível simpatia. Dirá alguém - 'Mas por que essa promoção de uma canalha confesso e proclamado?'

Sou um memorialista. ('Tudo é memória', disse não sei quem.) E, por todas as esquinas, e botecos, e salas, e retretas da memória, há canalhas em flor. Eles nos atropelam e nós os atropelamos."


2 comentários:

Elaine Cuencas disse...

Canalhas... a canalha... aquele canalha... canalhice..."Eles nos atropelam e nós os atropelamos." Beijos...

Vitor Hugo de Paula Monteiro disse...

Os homens de nosso tempo precisarão em muito desarquivar interpretações sobre Nelson Rodrigues. Não existem reacionários memorialistas, muito menos artefatos extemporâneos que possam condená-los.