Fernando Sabino, o Demônio é uma árvore frondosa cheia de frutos maduros e doces. O Demônio dá sombra aos caminhos fatigados, o Demônio, Fernando Sabino, dessedenta os que têm sede e dá de comer a quem tem fome. O demônio é uma romã fresca e saborosa depois do sol e do cansaço. Deus, Fernando Sabino, é uma galhada seca e magra, onde os homens sangram as mãos para nada. Uma caveira no meio do pé da estrada é Deus, Fernando Sabino. Deus é um osso duro de roer. Deus, Fernando Sabino, é uma fieira de dentes amarelos enfiados como em colar e passado no colo de um esqueleto esquecido de si mesmo. Fernando Sabino, o Demônio é uma macieira, o Demônio é alto, louro, simpático, tem olhos azuis e fuma cigarros americanos. Fernando Sabino, o Demônio tem poltronas, Fernando Sabino. O Demônio toma chá com torradas em varandas no flanco esquerdo e no flanco direito. Deus é cáustico e sem alpendre. Deus é uma caveira: PERIGO!
Otto Lara Resende
Rio, 24 de outubro de 1954
Noite
2 comentários:
Quanto amor e amizade... quanta palavra boa e certeira. Agradeço à leitora e a leitura! Que dupla maravilhosa... dá até para continuar crendo na humanidade! Salve a literatura, salve a literatura epistolar... bjs!
Salve a literatura, minha amiga!
Postar um comentário