"Eu chamei a mim mesmo de um especialista em fanatismo comparado. Não é uma piada. Se vocês alguma vez ouvirem falar de uma escola ou universidade que crie um departamento de fanatismo comparado, já estou pleitando um lugar como professor. Como um ex-hierosolimita, como um fanático recuperado, sinto que sou totalmente qualificado para esse emprego. Talvez já seja tempo de toda escola, toda universidade, manter pelo menos alguns cursos de fanatismo comparado, porque ele está em toda parte.
Não me refiro somente às manifestações óbvias de fundamentalismo e intransigência. Não me refiro apenas a esses fanáticos óbvios, os que vemos na televisão, em lugares onde multidões histéricas agitam os punhos na direção das câmeras enquanto gritam frases de efeito em línguas que não entendemos. Não, o fanatismo está em quase toda parte, e suas formas mais tranquilas, mais civilizadas estão presentes ao nosso redor e talvez também dentro de nós mesmos. Conheço antitabagistas que queimariam você vivo por acender um cigarro perto deles! Conheço vegetarianos que comeriam você vivo por comer carne! Conheço pacifistas, alguns deles meus colegas no Movimento Israelense pela Paz, que gostariam de dar um tiro na minha cabeça só porque eu defendo uma estratégia um pouco diferente de como chegar à paz com os palestinos. Com isso não estou dizendo, é claro, que qualquer um que erga a voz contra qualquer coisa seja um fanático. Certamente não estou sugerindo que alguém com opiniões sólidas seja um fanático. Digo que a semente do fanatismo reside sempre numa autojustificativa sem concessões, uma praga com muitos séculos de existência."