terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pondé

Acabei o livro (contra um mundo melhor) e gostei. Até a metade, amei. Depois, adorei. Mais pro final, gostei bem.

E na página 69:

"Sim, eu acredito na infelicidade como matéria de vida. Não que a procuremos, nem precisa, ela nos acha, mas creio na infelicidade como medula, espinha dorsal de nossa dignidade. A infelicidade é a lei da gravidade que reúne os elementos que compõem nossa personalidade. O fracasso é que torna o homem confiável. Imagine se Hamlet só quisesse ser feliz?"

Luiz Felipe Pondé. Contra um mundo melhor: ensaios do afeto.

6 comentários:

Marcos disse...

Olá Andrea
Faz tempo que não entro nestas deliciosas páginas.Lendo este último post sobre como a infelicidade se torna necessária, lembrei de uma colocação que li uma vez do Sartre, onde ele utiliza a sua famosa máxima de que 'o inferno são os outros':
"As outras pessoas são fontes permanentes de contingências. Todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos se sobrepõem. O homem por si só não pode se conhecer em sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência, uma pessoa não pode se perceber por inteiro. "O ser Para-si só é Para-si através do outro". Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer neles o que têm de igual. E cada um precisa desse reconhecimento. Por mim mesmo não tenho acesso à minha essência, sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. Só através dos olhos dos outros posso ter acesso à minha própria essência, ainda que temporária. Só a convivência é capaz de me dar a certeza de que estou fazendo as escolhas que desejo. Daí vem a idéia de que "o inferno são os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência. Sem eles o próprio projeto fundamental não faria sentido."
Desculpe se foi muito longo, mas não pude cortar nada.
Beijão,

Andréa disse...

Oi querido,

Não dá pra cortar nada mesmo.....é muito bom...

Beijos

Sylvio R. Santos disse...

Essa citação é de O Ser e o Nada, já que não é de Huis clos? Andrea, você me fez comprar o Contra um mundo melhor... admiro demais tua bibliovoracidade..

Andréa disse...

Bibliovoracidade é ótimo...gostei!

Elaine Cuencas disse...

Andréa...lembra do que disse aqui outro dia? Os clássicos baby...a citação do Marcos é perfeita. O Pondé é divertido numa entrevista, tem um que de "poser" legalzinho, mas não sei porque não me convence como autor (bom, não li este livro, mas tenho lido regularmente as cronicas da Folha)
Será que fui chatinha?
Estou adorando este novo comentador...bom, né?
bjs,

Andréa disse...

Elaine,
Sabe que em termos de estilo de escrita também não é um dos meus favoritos, mas os assuntos.... ninguém escreve sobre isso (pelo menos eu acho).
Também estou adorando o nosso novo comentador!
Beijos