segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Toada do amor

"E o amor sempre nessa toada:
briga perdôa perdôa briga.

Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta pra brigar
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.

Mas si não fosse elle tambem
que graça que a vida tinha?

Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito"

Drummond. Alguma poesia. E respeitando a ortografia da época.

Boa semana, leitores.

4 comentários:

Elaine Cuencas disse...

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade)

nunca é demais...bjs

Marcos disse...

Lindo, Andréa.
Cuencas, eu devia soltar um palavrão de espanto! Foi exatamente estes versos que me ocorreram na hora que li o post. Não o texto completo, mas esta primeira interrogação!
Você, se não for, esta muito próximo de uma feiticeira!
Beijão as duas!

Mari Cuencas disse...

"Alguma poesia". Que título! =)

Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim
O grande amor
Mentira
Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão
Pro grande amor
Mentira
Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador

Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel
O grande amor
Mentira
Reservei hotel
Sarapatel
E lua de mel
Em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé
No grande amor
Mentira
Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor

Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Andréa disse...

Queridos (Elaine, Marcos, Mari, Bruno..),
Obrigada por estarem aqui e fazerem meu dia mais feliz!
Beijos