quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Clarice (1920-1977)


Não faltam trabalhos, dissertações ou teses sobre ela (não é Isabel?), então não serei eu que gastarei mais falando e/ou explicando. Aqui vai somente um pedaço de um texto publicado em 07 de outubro de 1967 no Jornal do Brasil (tudo publicado no maravilhoso - "A descoberta do mundo"):

MEDO DO DESCONHECIDO: Então isso era a felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade.


obs: A foto é do site www.releituras.com.br

2 comentários:

Mari Cuencas disse...

Passei um bom tempo pensando no que escrever sobre o texto, até me dar conta de que não há o que escrever quando se trata de Clarice.

Pode-se tentar analisar, teorizar, o que quer que seja, mas a verdade é que ler o que ela escreve é justamente sentir essa felicidade de que fala. E depois o melhor é calar-se em respeito e devoção e voltar à mediocridade.

Andréa disse...

Mari, você é demais. Sem palavras.
Bjs