quarta-feira, 8 de julho de 2015

Hilda Hilst



XXXIII


Se te pronuncio
Retomo um Paraíso
Onde a luz se faz dor
e gelo a claridade.
Se te pronuncio
É esplendor a treva
E as sombras ao redor
São turquesas e sóis
Depois de um mar de perdas.

Vigio
Esta sonoridade dos avessos.
Que se desfaça o fascínio do poema
Que eu seja Esquecimento
E emudeça.



Cléberson: a gente gosta e entende de literatura sim.

Um comentário:

Cleberson Dias disse...

Meu primeiro contato com HH foi por meio de um techo que trazia em si algo muito maior: "tu não te moves de ti".
Fiquei abismado com a totalidade da prosa. Mil discussões vieram à mente: identidade, nome, ontologia, Heráclito e Parmênides... É a tatoo de uma mulher que é uma das maiores inspirações da minha vida: Geruza Zelnys. Sempre Brigo com ela no face e na vida.
Ela é especialista em HH.
Mas é fácil gostar de poesias como essa, acima. Tem cara de poesia. Porque parece que só é poesia quando ninguém entende nada. Daí o senso comum ter adotado a ideia de que a HH, do Caderno Rosa de Lori Lamby, ser uma depravada, louca ou vendida à Indústria Cultural. Pelo contrário, é ali e nas peças de teatro de Sófocles que encontramos a natureza humana mais recalcada e espremida pelo inconsciente e pelos olhos da sociedade.