sexta-feira, 10 de julho de 2015

Neste interlúnio



Neste interlúnio
Sou um dilúvio ou me afogo.
E entre espectros que comprimem,
Nada se cumpre,
O destino esfarela.
De querela e farinha se ergue um olho.
As vozes despetalam,
Os períodos se abrandam,
Orações inteiras lentas se consomem,
Em poços há sumiço de palavras moucas.
Neste interlúnio
Sou fagulha ou hulha inerte.
Enorme berne entra corpo adentro,
Entre os dentes, carne.
Ante os dentes, carne.
Arde o ente e cospe,
Cuspe inútil invadindo espaço.
Moléculas moles coleando,
Víboras vagas se rimando,
Poetas quietos entreolhando.
Coisas coisas que falecem.
Neste interlúnio.
Sou coisa ou poeta.

agosto/68


Um comentário:

Elaine Cuencas disse...

Que melodia nesse poema... tudo vibra, todas as sílabas! Lindo!

Bjs,