Ríamos muito. No interior das baleias não se poderia ler, estaria às escuras. Funcionaria por instinto, sem instrução. A minha irmã achava que o interior das baleias devia ser tão grande que talvez fosse habitado por marinheiros que naufragaram e encontraram esconderijo ali. Pendurariam umas gambiarras e encostar-se-iam num bocado de pele para dormirem. Um dia, um desses pescadores incríveis haveria de nos levar a solução para a espera.
Quando for grande, Halla, não quero ser cozinheira das baleias. Não vou ficar ali encalhada a fazer doces para que elas se consolem. Quando for grande, quero ser de outra maneira. Quero ser longe. Eu respondia: ninguém é longe. As pessoas são sempre perto de alguma coisa e perto delas mesmas. A minha irmã dizia: são. Algumas pessoas são longe. Quando for grande quero ser longe. E eu respondia: eu acho que quero ser professora.
Um comentário:
É maravilhosa a capacidade desse cara de concatenar palavras e sentimentos e imagens. Que amor eu sento. Que sujeito incrível.
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