domingo, 3 de janeiro de 2016

Natalia Ginzburg

Trecho do conto "Silêncio":

Do sentimento de culpa, do sentimento de pânico, do silêncio, cada um tenta se curar a seu modo. Alguns se lançam em viagens. Na ânsia de conhecer países novos e gente diversa há a esperança de deixar para trás os próprios fantasmas turvos; há a secreta esperança de descobrir em algum ponto da Terra a pessoa que poderá falar conosco. Alguns se embebedam para esquecer os próprios fantasmas turvos e para poder falar. E depois há todas as coisas feitas só para não ter de falar: uns passam as noites dormindo numa sala de projeção, com a mulher ao lado, e assim não precisam conversar; uns aprendem a jogar bridge; uns fazem amor, o que também pode ser feito sem que se diga uma palavra. Frequentemente se diz que essas coisas se fazem para passar o tempo: na verdade, as fazemos para enganar o silêncio.

Um comentário:

Elaine Cuencas disse...

Natalia Ginzburg... tive oportunidade de ler e pensar a respeito dela na universidade... tempos de aprendizagem. Maravilha! Até me dei o direito de escrever sobre ela em um pequeno trabalho que apresentei... tempos de pesquisa... saudades! Enganando o silêncio acadêmico em que me encontro!

Bjs,

Elaine